Investigadora da UC comenta Prémio Nobel da Literatura 2022

A docente do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da FLUC, Rosário Mariano, fala sobre a obra de Annie Ernaux.

KP
Karine Paniza
MC
Marta Costa
11 outubro, 2022≈ 2 mins de leitura

© Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

O Prémio Nobel da Literatura 2022 vai ser entregue a Annie Ernaux. A escritora francesa é distinguida pela "coragem e acuidade clínica com que desvenda as raízes, constrangimentos e as amarras coletivas da memória pessoal", afirmou a Academia Sueca em nota de imprensa.

A docente e investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Rosário Mariano, comenta a distinção a Annie Ernaux.

Mais informações sobre os Prémios Nobel 2022 em https://www.nobelprize.org/

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Eis o que pode fazer:

Annie Ernaux


Annie Ernaux, nascida Duchesne, nasceu em 1940 em Lillebonne, na Normandia. Alguns anos depois, os seus pais mudaram-se para Yvetot, onde tinham um café e uma mercearia num bairro operário da cidade. Estudou numa escola secundária católica particular em Yvetot, dirigida a jovens de classe média e, pela primeira vez, sentiu vergonha dos pais e do ambiente da classe trabalhadora a que pertencia. Saiu de casa em 1958, com 18 anos, para cuidar de crianças num acampamento de verão.

Durante o verão teve as suas primeiras experiências sexuais, relatadas em Mémoire de fille. No mesmo livro, também escreve também sobre sua estadia em Londres como au pair, em 1960, e a sua primeira tentativa no ensino superior, numa formação de professores de 1.º ciclo em Rouen, da qual acabou por desistir. No final do livro, vemos Annie a regressar a Rouen para se formar em literatura.

Nos anos que se seguiram, casou-se e teve dois filhos. A nível profissional, qualificou-se como professora do ensino médio em dois concursos, o Capès e o ainda mais prestigioso Agrégation, e ensinou francês numa escola secundária em Annecy, Haute Savoie. Em 1974, Annie Ernaux publicou o seu primeiro livro Cleaned Out, um relato ficcional do aborto ilegal que ela sofreu em 1964, e sobre a sua mudança da classe trabalhadora para cultura da classe média por via da educação. Em 1977 a família mudou-se para Cergy-Pontoise, uma nova cidade na região de Paris. Ernaux acabou por deixar o ensino médio e assumiu um cargo no Cned - Centro de Educação a Distância. Ganhou aclamação literária com o Prix Renaudot. Alcançou também um grande número de leitores com a publicação do relato da vida do seu pai, A Man's Place, em 1983.

Após o divórcio, no início de 1980, Ernaux permaneceu em Cergy, onde vive até hoje. Em 2000, aposentou-se do cargo de professora e dedicou-se em plono à escrita. Em 2008, publicou The Years, obra considerada por muitos como a sua coroação, tanto em conteúdo quanto na forma inovadora como entrelaçou a história pessoal e coletiva ao longo de seis décadas. O seu sucesso foi reconhecido pela atribuição dos prémios Marguerite Duras e François Mauriac, e pela tradução inglesa pré-seleccionada para o prémio Man Booker International.

Grande parte das suas obras receberam o prémio de língua francesa e o prémio Marguerite Yourcenar, bem como a publicação das obras quase completasna edição Quarto da Gallimard em 2011 (Ernaux é a primeira escritora a ser publicada nesta série em vida). Em 2014, recebeu um doutoramento honorário pela Universidade de Cergy-Pontoise. Em outubro de 2022, foi agraciada com o Prémio Nobel de Literatura “pela coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, os estranhamentos e as amarras coletivas da memória pessoal”.

Fonte: www.annie-ernaux.org/biography/

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