Biscoitos Académicos
Os Biscoitos Académicos são um exemplo de revitalização de um património literário gastronómico esquecido e de inovação, através de um processo de criatividade suportada em investigação histórica. Na verdade, o produto constitui uma releitura contemporânea da receita original do final do séc. XIX, a que se juntou uma outra memória gustativa da cidade, as conservas de Pêssegos de Coimbra.
O primeiro livro impresso em Portugal sobre culinária nacional: Cosinha Portugueza (Coimbra: Imprensa Académica, 1899, 1ª edição) foi estudado por Carmen Soares, docente e diretora do doutoramento PACI. Na origem dessa pesquisa esteve a organização da exposição de livros BiblioAlimentaria, exibida em 2016 na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, por ocasião da 18ª Semana Cultural da Universidade de Coimbra.
Essa investigação histórica demonstrou que, desde as suas origens no panorama editorial português, a “culinária honorífica” (aquela que presta homenagem a pessoas ou grupos) marcou presença na construção da narrativa literária sobre o património alimentar nacional. Seguramente por a obra ser publicada em Coimbra, Cidade dos Estudantes, no seu conjunto de receitas aparecem cinco com ligação direta ao universo académico. Os Biscoitos Académicos fazem parte desse elenco.
Por outro lado, a memória escrita do doce de pêssego está guardada nos manuscritos 120, 336 e 555 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. O texto jocoso da autoria do Padre Silvestre Aranha do Real Colégio das Artes da Companhia de Jesus em que se refere a fama das conservas doces de pêssegos na cidade de Coimbra intitula-se “Suplício dos Doces” e sabemos que foi apresentado nas aulas dos dias 1 e 15 de março de 1727.
Na ausência de qualquer referência ao formato dos Biscoitos Académicos do livro de 1899, dentro do espírito honorífico da receita, homenageia-se no produto do séc. XXI a identificação da sua pegada literária, dando-lhe a forma de pequenos livros recheados de doce de pêssego.
O projeto colaborativo, estabelecido entre o curso de doutoramento, a Reitoria da Universidade de Coimbra e a empresa Vasco da Gama Pastelarias, permitiu a aplicação desse conhecimento científico de âmbito histórico e patrimonial ao tecido empresarial. A Universidade de Coimbra é a proprietária da marca “Biscoitos Académicos” (registo nº 59122 do INPI).
Confecionado, comercializado e distribuído pelas pastelarias Vasco da Gama, o produto conta ainda com o conhecimento aplicado de duas doutorandas do PACI: Carolina Gheller Miguens (na conceção organolética e produção dos biscoitos em fábrica) e Ana Rosa Santos (na produção de conteúdos para os media sociais).
Os Biscoitos Académicos são o primeiro caso de certificação científica histórico-patrimonial atribuída pela Universidade de Coimbra, através do Selo:
Entidades parceiras
Doutoramento PACI
Reitoria da Universidade de Coimbra
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
Vasco da Gama Pastelarias