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Literatura e Política: construção e difusão do retrato de figuras públicas no mundo antigo

(2014 - 2015)

REFERÊNCIA: FCT 2417 e CAPES 10396/13-0

O retrato é uma das formas de intervenção política na antiguidade greco-romana, tendo em conta que, através dos elementos de realismo, distorção ou idealização, reflectem uma posição ético-ideológica que está na base da consciência cívica do mundo ocidental, transportada na época moderna para o Novo Mundo. As formas literárias dos referidos retratos têm continuidade em actuais biografias (autorizadas ou não) de políticos e outras figuras públicas, constituindo uma forma de intervenção cívica amiúde controversa e manipuladora.

As biografias modernas continuam, pois, os tópicos e esquemas estabelecidos desde a antiguidade em textos biográficos, historiográficos, epigráficos, retóricos, filosóficos, poéticos etc. Tanto na antiguidade quanto na modernidade, os retratos literários circulam a par de outras imagens.

No caso das sociedades antigas, as imagens que circulavam em moedas, estátuas, pinturas, relevos, mosaicos, bustos e tantos outros podiam tanto estar em consonância quanto em franco confronto com as imagens literárias. O estudo da construção do retrato antigo ajuda-nos, portanto, a perceber o fundamento de certas invectivas políticas ou narrativas encomiásticas consolidadas na memória cultural luso-brasileira, tanto quanto os conflitos e variantes que se observam ao longo do tempo.

No nosso caso, são construções que atravessam os séculos com dinâmicas que permitem compreender melhor tanto as sociedades antigas quanto o universo contemporâneo.