A Biblioteca

Mensagem do Diretor

O conceito tradicional de biblioteca como um espaço físico cuja função consiste em disponibilizar aos leitores acesso às suas coleções através de um sistema de catalogação e indexação foi redefinido nas últimas décadas por efeito das tecnologias digitais. Estas afetaram não só os processos de organização da informação, mas a própria noção de documento e as modalidades de interação entre bibliotecas e leitores. Por um lado, parte do património bibliográfico vai sendo progressivamente digitalizado; por outro lado, uma quantidade cada vez maior da nova produção documental é feita sob forma digital. A coexistência de coleções digitais e livros em papel alterou quer o imaginário da biblioteca, quer a sua configuração institucional. Por força da ubiquidade das redes de telecomunicação, espaço físico e espaço digital sobrepõem-se nas nossas representações das bibliotecas.

Para uma biblioteca patrimonial de grande valor histórico e cultural como a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, que ao seu vasto acervo de livro antigo junta a bibliografia nacional que recebe por Depósito Legal, um dos grandes desafios tem sido combinar o acesso às suas valiosas coleções com o desenvolvimento de infraestruturas digitais. Esta passagem de um modelo predominantemente custodial, isto é, de preservação e acesso às coleções, para um modelo com uma forte componente de recursos e serviços digitais está refletida nas múltiplas funcionalidades disponíveis no portal web da BGUC. Trata-se de um processo cujo horizonte permanece em aberto, por força dos avanços contínuos nas tecnologias de informação, e que requer a constante sincronização da BGUC com as melhores práticas internacionais. Essa sincronização constitui a nossa principal prioridade.

Consciente dos desafios colocados pela crescente complexidade do ecossistema documental, pela alteração nas práticas de leitura e pela expansão das funções da biblioteca, o trabalho da BGUC durante o quadriénio 2023-2027 estará centrado nos seguintes objetivos:

  1. valorizar o património da BGUC no contexto das bibliotecas universitárias mundiais, designadamente através da expansão das suas coleções digitais, como a Alma Mater, e do projeto de digitalização da Biblioteca Joanina;
  2. apoiar a política de Acesso Aberto da UC, através da otimização do repositório Estudo Geral e do desenvolvimento de iniciativas de promoção da Ciência Aberta;
  3. melhorar a articulação entre BGUC e as diversas bibliotecas da Universidade de Coimbra, quer no âmbito das infraestruturas do Sistema Integrado de Informação Bibliográfica (SIIB-UC), quer no âmbito da partilha de boas práticas;
  4. reforçar a cooperação com as outras unidades de extensão cultural e de apoio à formação (UECAF) da Universidade de Coimbra;
  5. contribuir para o conhecimento do livro e da história do livro no espaço público, apoiando atividades de investigação e de divulgação dedicadas a obras das suas coleções;
  6. melhorar o serviço prestado a investigadores, estudantes e público em geral.

Deste modo, a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra procurará articular da melhor forma as funções de conservação e gestão do património bibliográfico com as funções de apoio à formação, à investigação e à leitura. Definindo-se ao mesmo tempo enquanto espaço arquitetónico, sistema de informação e plataforma de partilha de conhecimento, a BGUC prosseguirá a estratégia de abertura a uma ampla participação da sua comunidade local, nacional e internacional de leitores.

Manuel Portela
Diretor da Biblioteca Geral

Missão

A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) tem como atribuições fundamentais:

  1. A preservação, o enriquecimento, o tratamento técnico e a difusão do seu património bibliográfico e documental;
  2. O apoio ao ensino e à investigação universitários e extra universitários, disponibilizando serviços de informação bibliográfica e documental e o acesso aos seus fundos, reais ou virtuais;
  3. A gestão da Biblioteca Joanina;
  4. A coordenação de serviços e de sistemas de gestão integrada comuns às várias bibliotecas universitárias e a outros serviços da UC;
  5. A gestão de plataformas digitais de suporte às bibliotecas da UC, nomeadamente o repositório institucional da produção científica da UC “Estudo Geral”, a biblioteca digital de fundo antigo “AlmaMater” e o Sistema Integrado de Informação Bibliográfica (SIIB/UC).

Compete ainda à BGUC:

  1. A disponibilização ao público universitário e não universitário da bibliografia nacional que recebe por Depósito Legal, por doações ou por aquisições;
  2. A participação no SIIB/UC, gerindo a componente de normalização de modo a contribuir para melhorar a sua qualidade e consistência, e realizando projetos e tarefas comuns que requeiram as competências e a experiência dos serviços da BGUC;
  3. A cooperação com a Base Nacional de Dados Bibliográficos (PORBASE), em colaboração com a Biblioteca Nacional de Portugal;
  4. O empréstimo interbibliotecas a nível nacional e internacional, assim como outras formas de colaboração com outras bibliotecas;
  5. A participação em órgãos ou comissões de carácter consultivo e ou deliberativo no setor das bibliotecas e da informação bibliográfica, de âmbito nacional ou internacional.

História

A universidade medieval não podia existir sem livros, pelo que é muito provável que tenha existido uma biblioteca, pelo menos desde que D. Dinis fez construir o primeiro edifício de raiz para a universidade, antes de 1308, exatamente no local hoje ocupado pela Biblioteca Geral. Contudo, a primeira notícia documental que temos da sua existência é só da transferência de 70 e poucos livros entre dois edifícios, em 1503, ainda no seu período lisboeta. A partir da instalação definitiva da universidade em Coimbra, em 1537, o funcionamento da «Livraria do Estudo», como então se chamava, é mais bem conhecido e passa a ser regulado pelos Estatutos. Os de 1591 definem-na mesmo como «pública», o que é caso raro entre as bibliotecas universitárias europeias.

Ao contrário do século XVI, quando o crescimento da «livraria» e os seus responsáveis são mais ou menos conhecidos, o seu funcionamento no século seguinte está muito menos estudado. Os livros que, à maneira medieval, estiveram até aí presos às estantes por correntes, só foram desencadeados entre os anos letivos de 1611/12 e 1617/18, por André de Avelar.

No período filipino e depois com as Guerras da Restauração, a biblioteca viveu em vários espaços, sempre mal instalada e pobremente dotada, até à construção, em 1717-1728, da Joanina, uma das mais antigas bibliotecas barrocas «iluministas» da Europa e seguramente uma das mais belas. Se não mais, esta terá sido a sexta «morada» que a biblioteca ocupou ao longo da sua história de mais de 500 anos, mas nem 50 anos eram passados, já o Marquês de Pombal assinalava a necessidade de duplicá-la. Contudo, continuaria a ser intensamente usada, com algumas extensões agora demolidas, até à abertura ao público do atual edifício, em 1962.

Mesmo hoje, como Monumento Nacional visitável por turistas, continua a ser o principal depósito de «Livro Antigo» (séculos XVI a XVIII) da BGUC, uma biblioteca viva e útil, onde cerca de 600 obras são requisitadas para consulta todos os anos na sala de leitura de Reservados, Manuscritos e Obras Raras. Parte destes fundos podem ser acedidos pela nossa biblioteca digital Alma Mater.

À Biblioteca Geral foi atribuída em 2014 a Marca do Património Europeu pelo seu papel excecional na afirmação dos valores europeus: por ser «pública» desde o século XVI, por sempre se ter oposto a qualquer forma de censura dos livros, pelos seus contributos no avanço das técnicas biblioteconómicas, pela criação da primeira revista técnica dos bibliotecários e arquivistas portugueses e da primeira Associação de profissionais, a BAD.

Conheça aqui alguns dos antigos Diretores da BGUC.

Depósito Legal

A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra é uma das bibliotecas habilitadas, pelo Decreto-Lei n.º 74/82, de 3 de março, a receber material publicado em Portugal. Este benefício foi originalmente atribuído à BGUC pelo Decreto n.º 19952, de 27 de Junho de 1931.

O depósito legal existe no direito português desde 1798, altura em que os exemplares das obras publicadas tinham de ser depositados na Real Biblioteca Pública da Corte. O depósito legal contribui para garantir que a produção publicada do país e, portanto, a sua produção intelectual e o futuro património publicado sejam colecionados de forma sistemática e preservados para as gerações futuras. O material de depósito legal é disponibilizado aos leitores pelas bibliotecas de depósito legal.

Atualmente as bibliotecas de depósito legal de Portugal são:

  1. Biblioteca Nacional de Portugal;
  2. Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra;
  3. Biblioteca Municipal de Lisboa;
  4. Biblioteca Pública Municipal do Porto;
  5. Biblioteca Pública de Évora;
  6. Biblioteca Pública de Braga - Universidade do Minho;
  7. Biblioteca Municipal de Coimbra;
  8. Biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro;
  9. Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro (Angra do Heroísmo);
  10. Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira.

Regulamento da BGUC

O Regulamento da BGUC (Regulamento n.º 655/2020) foi publicado no Diário da República, 2.ª série, N.º 157, do dia 13 de agosto de 2020, em substituição do que tinha sido publicado no Diário da República, 2.ª série, N.º 238, de 10 de dezembro de 2009.

Além de enquadrar a missão da BGUC no âmbito da Universidade de Coimbra, o regulamento de 2020 reflete as transformações ocorridas na década anterior, designadamente no que se refere aos serviços e sistemas de gestão integrada. O regulamento define as atribuições, os órgãos de gestão e respetivas competências, a organização funcional dos serviços, bem como as funções e enquadramento da Biblioteca Joanina.

Organograma

Equipa

Direção

Manuel Portela
Diretor

Professor Catedrático do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O seu trabalho académico incide sobre os meios de escrita e leitura na sua relação com as formas e práticas literárias. Os resultados mais significativos dessa investigação podem ser vistos em Literary Simulation and the Digital Humanities: Reading, Editing, Writing (Bloomsbury, 2022), Arquivo LdoD: Arquivo Digital Colaborativo do Livro do Desassossego (https://ldod.uc.pt/, 2017-2023, coords. Manuel Portela e António Rito Silva), e Scripting Reading Motions: The Codex and the Computer as Self-Reflexive Machines (MIT Press, 2013). Foi Diretor do Teatro Académico de Gil Vicente (2005-2008), Diretor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (2019-2021) e membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra (2016-2020).

A. E. Maia do Amaral
Diretor-adjunto
Maria Luisa Machado
Diretora-adjunta