Universidade de Coimbra escolhida para o arranque das celebrações de cinco séculos de história camoniana

A 10 de junho a UC recebeu três iniciativas: a inauguração de uma exposição, uma cerimónia académica e um concerto comemorativo para assinalar o V Centenário do Nascimento de Luís de Camões.

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Marta Costa e Karine Paniza (texto e vídeo)
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Paulo Amaral (foto)
11 junho, 2024≈ 3 mins de leitura

© UC | DCOM

"Momento pleno de significado, o que estamos a viver, que contém e celebra, simbolicamente, cinco séculos de história camoniana e camonista, iluminando-os". É assim que a comissária para o V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, Rita Marnoto, descreve o momento.

As comemorações dos 500 anos do nascimento do poeta, cujo arranque oficial tiveram lugar na Universidade de Coimbra (UC) a 10 de junho, incluíram, para além de uma cerimónia académica, a inauguração da exposição "Camões: Letras impressas (1572-2024)", na Biblioteca Joanina, e o espetáculo "Eram tudo memórias de alegria", no Pátio das Escolas.

“Na Alma Mater da universidade e cultura em Portugal”, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou o reconhecimento do País naquela que foi uma sessão solene evocativa de um “filho de Coimbra que é também uma glória de Portugal”. Luís de Camões, o poeta que, para Marcelo Rebelo de Sousa, se comemora também através “da nossa Língua e na certeza de que somos, ao mesmo tempo, cidadãos do mundo e portugueses”.

"Nunca estamos à altura da grandeza de Camões, nem da grandeza de uma ideia de Portugal, nunca citamos ou celebramos corretamente ou de modo suficiente, nunca temos presente o sentido exato dos versos e da história, ou dos versos na história", afirmou ainda o Presidente da República.

As inciativas promovidas pela UC têm como objetivo realçar o vínculo entre o poeta e a cidade de Coimbra. Explica Rita Marnoto, que "há fortes indícios de que as escoras da assombrosa cultura camoniana tenham sido firmadas não longe do local onde nos encontramos, no sopé desta colina: no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra". A docente da Faculdade de Letras da UC afirma ainda que, "na sua obra, Camões usa fontes manuscritas que apenas existiam na Biblioteca de Santa Cruz. Além disso, o poeta pertencia ao ramo dos Camões de Coimbra, e seu tio, D. Bento de Camões, era prior do Mosteiro", revela Rita Marnoto.

Sobre a origem, vida e "outros aspetos da biografia" de Camões, o Reitor da UC, Amílcar Falcão, recordou que "as polémicas são antigas e, pelos vistos, não têm fim". Numa época onde "só se podia estudar presencialmente, onde havia livros e mestres", reforçou a ideia que Coimbra é "uma forte candidata" a "ser reconhecida como lugar de formação do maior poeta de língua portuguesa", mas que, no final, acredita Amílcar Falcão, "a verdadeira pátria de Camões é Portugal". E "Camões serviu muitas causas", sublinhou o Reitor da Universidade de Coimbra. Amílcar Falcão destacou justamente "a causa da língua portuguesa".

"Começar a celebração na UC tem toda a lógica", garante o Reitor da UC. Mas há mais momentos previstos durante o ano para assinalar a efeméride. "Penso que [hoje] será uma homenagem bonita" mas pretende-se, por exemplo, "cruzar o próximo 1.º de março e os 735 anos da Universidade com estas comemorações". Amílcar Falcão revela ainda que, através da comissão formada para o efeito, vão ser dinamizados, ao longo do ano, diversos momentos, com "exposições, tertúlias, a publicação e republicação de obras, e outras iniciativas". É "muito importante para nós, para a cidade e para o País" relembrar Luís de Camões.

Também o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, lembrou que 2024 tem um "especial significado". O autarca sublinhou as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e acrescentou "os 250 anos de funcionamento da mais antiga imprensa em laboração contínua no mesmo local, a Imprensa da UC". Durante o discurso, reforçou ainda a "oportunidade para reconhecermos e homenagearmos as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo" e deixou o desejo de renovar "o compromisso com os valores que nos definem: solidariedade, justiça, liberdade, cultura, trabalho, tolerância e paz".

Para fechar o dia e comemorar o início do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, decorreu o concerto “Eram tudo memórias de alegria” teve lugar no Pátio das Escolas. Com as atuações do Bando de Surunyo, da cantora Teresa Salgueiro, do Quórum ballet, do grupo Inquietação, da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra e do Coro dos Antigos Orfeonistas, foi inspirado num verso de Camões - Os Lusíadas, III, 119. Entre as atuações, o ator Diogo Dória recitou versos do poeta.

Reveja aqui a sessão académica na íntegra

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