Mulheres da UC na Ciência: Carmo Medeiros

Docente no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e investigadora no Instituto de Telecomunicações - polo de Coimbra, Carmo Medeiros é a convidada de junho da rubrica Mulheres da UC na Ciência.

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Ana Bartolomeu
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Marta Costa
03 junho, 2024≈ 3 mins de leitura

© UC l Ana Bartolomeu

As telecomunicações suscitaram interesse a Carmo Medeiros como um meio para combater “o sentimento de isolamento”. Natural dos Açores, viver numa ilha fez crescer “aquela necessidade de comunicar”, conta. Por outro lado, admite que sempre gostou de Matemática e de Física.

Hoje, Carmo Medeiros é docente no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (UC) e investigadora no Instituto de Telecomunicações no polo de Coimbra.

Começou por ingressar em Eletrónica e Telecomunicações. “Quando cheguei a Aveiro para frequentar o curso, éramos cinco meninas e 60 meninos”, conta. A disparidade dos números desde logo a impressionou. Admite que não fazia ideia de que existiam preconceitos de género nas áreas de Engenharia. “Não conhecia as estatísticas”, revela. Atualmente, é algo que a preocupa muito porque “ainda hoje somos muito poucas”. “Não podemos incutir às meninas que elas não têm jeito para a Matemática ou para a Física”, defende.

Assim que terminou a licenciatura voou para o País de Gales, graças a uma bolsa que conquistou para fazer o mestrado. Acabou por prosseguir para o doutoramento, já com um contrato como assistente de investigação. Pelo meio casou, teve um filho e foi aí que decidiu regressar a Portugal.

Começou a carreira como docente no Algarve. No entanto, o grande desafio foi encontrar financiamento para prosseguir com a atividade de investigação. "Como disse um colega meu, tens de te candidatar a cinco projetos para teres um aceite". Em 2012, o curso onde lecionava fechou por falta de alunos. Mas Carmo Medeiros não se imaginava noutra área senão a das Telecomunicações, o que a trouxe até à Universidade de Coimbra.

De forma resumida, Carmo Medeiros investiga "maneiras eficientes de transmitir informação à distância". Até agora, o comum é usar as ondas de rádio, mas o futuro aponta para a utilização da ótica, que é o mesmo que dizer, da luz. “As telecomunicações estão sempre em evolução”, reforça. “Tivemos o 4G, o 5G e já projetamos o 6G." Na comunicação ótica acontece o mesmo. "Agora procuramos deixar o cabo e transmitir sinais de luz pelo ar." Em termos práticos, significa poder ter acesso à Internet sem utilizar um router.

Ainda assim, olha para o futuro com alguma apreensão. “Temos tido sorte de ter uma continuação da evolução, mas agora estamos a ver guerras em vários pontos do mundo”. Porém, considera que “temos de nos manter otimistas e evoluir como seres humanos”.

Maria do Carmo Medeiros é docente do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC) da FCTUC e investigadora senior do Instituto de Telecomunicações (IT).

Licenciada em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações pela Universidade de Aveiro, Mestre e Doutorada em Engenharia Eletrotécnica, especialidade de Telecomunicações pela Bangor University, Reino Unido em 1989 e 1993, respetivamente.

Iniciou a sua atividade de investigação como investigadora auxiliar na Bangor University, Reino Unido. De 1993 a 2012 foi docente da Universidade do Algarve, onde foi membro fundador e coordenadora do Center of Electronics Optoelectronics and Telecommunications (CEOT).

Desde 2012 é Professora Associada no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e exerce a sua atividade de investigação no Instituto de Telecomunicações. A sua investigação tem por objetivo desenvolver tecnologia inovadora de comunicações, baseada em luz, capaz de dar resposta ao crescimento massivo do tráfego de internet.

Recentemente o seu trabalho tem incidido nas comunicações óticas sem fios. Quer utilizando luz não visível, infravermelhos ou mesmo utilizando luz visível proveniente de LEDs utilizados simultaneamente para iluminação. Uma característica notável desses sistemas é a capacidade de obter informações do ambiente por meio das características dos sinais de comunicação, como identificar objetos, contar o número de pessoas em uma sala ou detetar movimentos. Foi aqui que incidiu o projeto LandMark - Light Communication Detection and Ranging, que coordenou e que continua a aprofundar.