Investigadoras da UC distinguidas com Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência

Duas das quatro bolsas da 20.ª edição foram atribuídas a investigadoras da Universidade de Coimbra: Cláudia Deus, do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento; e Laetitia Gaspar, do Centro de Neurociências e Biologia Celular.

05 junho, 2024≈ 5 mins de leitura

Da esquerda para a direita: Cláudia Deus e Laetitia Gaspar, investigadoras da Universidade de Coimbra.

© CNC-UC

Cláudia Deus e Laetitia Gaspar, investigadoras da Universidade de Coimbra (UC), foram distinguidas na 20.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência pela investigação que têm vindo a desenvolver. As duas investigadoras vão receber bolsas no valor de 15 mil euros para apoiar o desenvolvimento das suas investigação sobre a doença de Parkinson e a síndrome da apneia obstrutiva do sono.

As Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência são uma iniciativa da L’Oréal Portugal, em parceria com a Comissão Nacional da UNESCO e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com a missão de promover a participação das mulheres na ciência, incentivando as mais jovens e promissoras cientistas, em início de carreira, a realizarem estudos avançados na área das Ciências, Engenharias e Tecnologias para a Saúde ou para o Ambiente.

A investigadora do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA-Portugal), Cláudia Deus, tem dedicado a sua investigação à procura de respostas para melhorar terapias e aprofundar conhecimento sobre a doença de Parkinson. Em estudos anteriores, Cláudia Deus demonstrou que as alterações metabólicas e mitocondriais características da degeneração dos neurónios dopaminérgicos observadas em doentes com Parkinson também estão presentes nas suas células da pele. Adicionalmente, também conseguiu demonstrar que a expressão do gene Nrf2 – um gene capaz de regular, direta e indiretamente, cerca de 250 outros genes envolvidos nos mecanismos de defesa das células ao stress oxidativo – está diminuída na doença de Parkinson.

Neste projeto, propõe-se a testar as vesículas extracelulares como um novo “meio de transporte e entrega” do mRNA sintético codificando para o gene Nrf2 em células. “As vesículas extracelulares são vesículas nanométricas (com cerca 100 nm) libertadas por todas as células do nosso corpo e são responsáveis pela transmissão de informação biológica entre células”, explica a investigadora do MIA-Portugal. Se este sistema de entrega inovador for bem-sucedido poderá alterar a progressão da doença de Parkinson.

Já a investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC), Laetitia Gaspar, tem vindo a estudar a relação entre a síndrome da apneia obstrutiva do sono, o processo de envelhecimento e o desencadear de várias doenças – como a hipertensão, as doenças cardiovasculares, a diabetes e a depressão, entre outras – observadas quando esta perturbação do sono não é tratada. “Pretendemos estudar diferentes tipos de alterações relacionadas com o processo de envelhecimento em amostras de sangue de doentes com apneia do sono, em comparação com indivíduos sem a doença”, explica a investigadora do CNC-UC, que vai também avaliar como estas alterações respondem ao tratamento com máscara de pressão positiva continuada, o tratamento mais comum no contexto da apneia do sono.

Laetitia Gaspar propõe-se ainda a explorar potenciais indicadores da existência desta doença que possam ser detetados no sangue. Se for possível determinar estes biomarcadores podem vir a ser desenvolvidas novas estratégias de diagnóstico e de acompanhamento dos doentes. O estudo destes bioindicadores – e o conhecimento de como evoluem após iniciada a terapêutica – pode vir a dar informação sobre a eficácia do tratamento.

Este ano as medalhas foram também atribuídas a Sara Silva Pereira, do Centro de Investigação Biomédica da Universidade Católica Portuguesa, e a Mariana Osswald, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto.

As quatro investigadoras distinguidas – já doutoradas e com idades entre os 31 e os 37 anos – foram selecionadas entre várias dezenas de candidatas pela relevância dos seus projetos apresentados em 2023. Cada uma é reconhecida com um prémio individual de 15 mil euros.