Espólio do Visconde de Vila Maior em exposição na Biblioteca Joanina
A exposição vai estar patente no piso intermédio e pode ser visitada das 9 às 13 horas e das 14 às 17 horas.
De 15 de novembro a 15 de janeiro a Biblioteca Joanina recebe a exposição documental “Visconde de Vila Maior: o arquivo (s)em reserva)”. A exposição inaugura pelas 17h30 e é precedida por um conjunto de palestras intitulado “A Vinha das Vinhas: apontamentos ampelográficos”. A sessão vai ter início pelas 14h30 na Sala Pedro Nunes do Departamento de Matemática.
A exposição surge no âmbito do projeto “O Arquivo Pessoal e Familiar do Visconde de Vila Maior – preservar memória, divulgar o passado” que veio recuperar o espólio do arquivo do Visconde de Vila Maior e de parte do arquivo da família Oliveira Pimentel, que se encontrava no Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra. Nesse sentido, o Departamento de Ciências da Vida e a Sociedade Broteriana entenderam que o tratamento e disponibilização do arquivo pessoal e familiar do Visconde de Vila Maior constituiria um contributo para o conhecimento da ciência na sociedade oitocentista bem como desta figura insigne do Liberalismo.
O arquivo do Visconde de Vila Maior ocupa cerca de 1,5 metros lineares de estantes, com centenas de documentos e 5 livros, em papel e pergaminho, originais manuscritos e documentos impressos, situado cronologicamente entre 1830 e 1884. O arquivo particular do Visconde de Vila Maior compõe-se de um vasto conjunto de informação resultante da multiplicidade de funções e cargos que desempenhou (informação mais detalhada em baixo).
A exposição documental “Visconde de Vila Maior: o arquivo (s)em reserva)” retrata assim a sua atividade pessoal, académica e profissional. Ao todo foram selecionados 70 documentos, distribuídos por 8 expositores e alguns objetos (retratos do Visconde, espécime de herbário, modelos botânicos, entre outros).
Com a conclusão do projeto ficará disponível, na plataforma Archeevo do Arquivo da Universidade de Coimbra, o arquivo documental da vida pública, mas também privada, do Visconde de Vila Maior.
O Visconde de Vila Maior
Júlio Máximo de Oliveira Pimentel, filho de Luís Cláudio de Oliveira Pimentel, 1o visconde de Vila Maior, e de D. Angélica Teresa de Sousa Cardoso Pimentel, nasceu a 5 de Outubro de 1809 em Torre de Moncorvo. Casou com a poetisa Sofia do Roure Auffdiener e teve dois filhos: Júlia Emília e Emílio de Oliveira Pimentel.
Cursou Matemática na Universidade de Coimbra tendo obtido o grau de bacharel a 16 de Junho de 1837. Notabilizou-se na área da Química, como professor na Escola Politécnica de Lisboa e como cientista. Desempenhou importantes cargos: vereador (1852-1853) e presidente (1858-1859) da Câmara Municipal de Lisboa, deputado às Cortes por Lisboa em mais de uma legislatura e, depois de lhe ter sido conferido o título de 2o Visconde de Vila Maior em 1861, Par do Reino e presidente interino da Câmara dos Pares. Integrou a comissão central para a Exposição Internacional de Paris em 1855, presidida pelo Marquês de Ficalho, e foi comissário régio às exposições universais de Londres (1862) e de Paris (1867 e 1878). Teve o mais longo reitorado da Universidade de Coimbra ao tempo da monarquia constitucional (1869-1884).
Aliou a sua formação de químico à de proprietário no Douro e desenvolveu actividade associada à viticultura, à ampelografia e à enologia. Da sua produção científica e teórica sobre a região do Douro destacam-se, entre outros trabalhos: “Memória sobre os processos de vinificação dos principais centros vinhateiros a norte do Douro”, “Tratado de vinificação para vinhos genuínos, “Ampelografia e oenologia do país vinhateiro do Douro” e “O Douro Ilustrado”, obra magnífica, reeditada em 1990 e amplamente citada. Durante o mandato enquanto reitor fundou a Escola Ampelográfica do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.
Faleceu em Coimbra, no edifício da Universidade, a 20 de Outubro de 1884.
