No PubhD Coimbra, a ciência chega “aos sítios onde as pessoas estão”, o que é “muito apelativo”
"Do elefante na sala: o estigma associado à doença mental" foi o tema da Carolina Cabaços. A estudante de doutoramento em Ciências da Saúde foi oradora da sessão de janeiro de 2023 do PubhD Coimbra.
Porque decidiste participar no PubhD Coimbra?
Esta área da comunicação de ciência para o público geral, para a comunidade, para pessoas leigas que não pertencem à comunidade científica, sempre me interessou bastante. Muitas vezes sinto que a ciência está muito restrita a um determinado grupo, às pessoas que, por conhecerem os canais onde se pesquisam os artigos científicos, vão lá, já têm esse interesse à partida. Mas esta ideia de a ciência chegar à casa das pessoas, aos sítios onde as pessoas estão, aos cafés, à rua, é mesmo muito apelativa para mim e é uma coisa que quero apostar no meu futuro. Já tinha participado na Soapbox Science Coimbra, uma experiência que adorei, e quando soube do PubhD Coimbra, motivou-me bastante. Até mesmo por ser no Liquidâmbar, um espaço que também frequento pela sua ligação à cultura e à comunidade. Achei que tinha tudo a ver comigo e podia ser uma oportunidade de outras pessoas ficarem mais sensíveis ao meu tema, o estigma associado à doença mental e até talvez quererem envolverem-se como amostra, por exemplo.
Como é que foi a tua experiência nesta edição do PubhD Coimbra?
Gostei muito. Não estava à espera que estivesse a casa tão cheia - estava muita gente, pessoas de diferentes idades, nacionalidades e contextos sociais, culturais e científicos. E cada pessoa consegue olhar para esta problemática, na verdade para qualquer problemática científica, sob a sua perspetiva pessoal, à luz das suas crenças, da sua experiência e do seu contexto profissional. Um biólogo olharia para a questão do estigma de uma maneira diferente de alguém da antropologia ou alguém das neurociências. E isso para mim, é muito interessante e refletiu-se muito na quantidade de perguntas que me fizeram e na atenção que prestaram ao que eu estava a dizer. Não sendo uma palestra, as pessoas estavam mais atentas, vieram porque queriam. E gostei muito, também da organização. E gostaria de voltar a participar, numa edição futura.
Aconselharias outros colegas a participar?
Fortemente. Muitas vezes nós partilhamos a nossa ciência a meios muito restritos. Nos nossos doutoramentos acabamos por falar muito com as pessoas que pertencem ao nosso laboratório, ao nosso meio, academia, hospital, no meu caso. E acabamos por descurar esta parte de comunicar com pessoas que não têm nada a ver. Às vezes numa mesa de almoço de domingo, a nossa família pergunta o que estamos a fazer no doutoramento e temos dificuldade em explicar, em adaptar a linguagem e o discurso. E esta oportunidade de comunicar a nossa ciência, porque a ciência serve em último lugar para mudar o mundo, é uma oportunidade incrível, e aconselharia todos a fazer isso.