No PubhD Coimbra, a ciência chega “aos sítios onde as pessoas estão”, o que é “muito apelativo”

"Do elefante na sala: o estigma associado à doença mental" foi o tema da Carolina Cabaços. A estudante de doutoramento em Ciências da Saúde foi oradora da sessão de janeiro de 2023 do PubhD Coimbra.

01 fevereiro, 2023≈ 4 mins de leitura

Porque decidiste participar no PubhD Coimbra?

Esta área da comunicação de ciência para o público geral, para a comunidade, para pessoas leigas que não pertencem à comunidade científica, sempre me interessou bastante. Muitas vezes sinto que a ciência está muito restrita a um determinado grupo, às pessoas que, por conhecerem os canais onde se pesquisam os artigos científicos, vão lá, já têm esse interesse à partida. Mas esta ideia de a ciência chegar à casa das pessoas, aos sítios onde as pessoas estão, aos cafés, à rua, é mesmo muito apelativa para mim e é uma coisa que quero apostar no meu futuro. Já tinha participado na Soapbox Science Coimbra, uma experiência que adorei, e quando soube do PubhD Coimbra, motivou-me bastante. Até mesmo por ser no Liquidâmbar, um espaço que também frequento pela sua ligação à cultura e à comunidade. Achei que tinha tudo a ver comigo e podia ser uma oportunidade de outras pessoas ficarem mais sensíveis ao meu tema, o estigma associado à doença mental e até talvez quererem envolverem-se como amostra, por exemplo.

Como é que foi a tua experiência nesta edição do PubhD Coimbra?

Gostei muito. Não estava à espera que estivesse a casa tão cheia - estava muita gente, pessoas de diferentes idades, nacionalidades e contextos sociais, culturais e científicos. E cada pessoa consegue olhar para esta problemática, na verdade para qualquer problemática científica, sob a sua perspetiva pessoal, à luz das suas crenças, da sua experiência e do seu contexto profissional. Um biólogo olharia para a questão do estigma de uma maneira diferente de alguém da antropologia ou alguém das neurociências. E isso para mim, é muito interessante e refletiu-se muito na quantidade de perguntas que me fizeram e na atenção que prestaram ao que eu estava a dizer. Não sendo uma palestra, as pessoas estavam mais atentas, vieram porque queriam. E gostei muito, também da organização. E gostaria de voltar a participar, numa edição futura.

Aconselharias outros colegas a participar?

Fortemente. Muitas vezes nós partilhamos a nossa ciência a meios muito restritos. Nos nossos doutoramentos acabamos por falar muito com as pessoas que pertencem ao nosso laboratório, ao nosso meio, academia, hospital, no meu caso. E acabamos por descurar esta parte de comunicar com pessoas que não têm nada a ver. Às vezes numa mesa de almoço de domingo, a nossa família pergunta o que estamos a fazer no doutoramento e temos dificuldade em explicar, em adaptar a linguagem e o discurso. E esta oportunidade de comunicar a nossa ciência, porque a ciência serve em último lugar para mudar o mundo, é uma oportunidade incrível, e aconselharia todos a fazer isso.

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