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Inventário de Depressão de Beck (BDI-II)

Versão portuguesa

Martins, A. (2000). As manifestações clínicas da depressão na adolescência [Clinical manifestations of depression in adolescence]. Dissertação de Mestrado. Porto: Faculdade de Medicina do Porto. [Master dissertation].

Oliveira-Brochado, F. (2013). Inventário de Depressão de Beck (BDI-II): Estudos de validação e dados normativos para a população portuguesa. [Beck Depression Inventory (BDI-II): Validation studies and normative data for the Portuguese population]. Tese de doutoramento em Ciências Biomédicas. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto (ICABAS-UP) [Ph.D thesis].

Versão original

Beck, A. T., Steer, R. A., & Brown, G. K. (1996). Manual for the Beck Depression Inventory-II. Psychological Corporation

Enquadramento teórico

Constituído por 21 itens, o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), permite avaliar a presença e severidade da sintomatologia depressiva em adultos e adolescentes com mais de 13 anos de idade. O BDI-II foi desenvolvido como um instrumento cujo resultado total constitui um indicador da presença e grau de severidade dos sintomas depressivos consistentes com o DSM-IV (APA, 1994), e não como uma ferramenta de diagnóstico clínico (Beck et al., 1996).

Descrição

Domínio de avaliação: Sintomatologia depressiva.

Tipo de instrumento: Questionário de autorresposta.

Número de itens: 21 itens.

Aplicação: Individual ou em grupo, 5-10 minutos.

População: Adultos e adolescentes (≥ 13 anos).

Dimensões

Os resultados em cada um dos 21 itens vão de 0 (baixo) a 3 (elevado), refletindo, este valor, a gravidade do sintoma a ser avaliado por cada item (0 = ausência do sintoma; 1 = sintomas ligeiros; 2 = sintomas moderados; e 3 = sintomas graves).
Os pontos de corte (Beck et al., 1996) definidos são: 0 a 13 – sintomatologia depressiva “mínima”; 14 a 19 – “ligeira”; 20 a 28 – “moderada”; mais de 29 – “grave” ou “severa”.

Estudos

A investigação realizada em Portugal com o BDI-II indica diferentes níveis de sintomatologia depressiva na população portuguesa (N=2.401): pontuações médias globais de 11,01 (D.P.= 9,15); 70% dos indivíduos com sintomatologia depressiva “mínima” [0-13]); 15% com sintomatologia depressiva “ligeira” [14-19]; 9% com sintomatologia depressiva “moderada” [20-28] e 6% com sintomatologia depressiva “severa” [29-63] (Oliveira-Brochado, Simões, & Paúl, 2014).


Fiabilidade

Consistência interna: Coeficiente alpha de Cronbach de 0,91 para a amostra principal (N=2.401), de 0,895 para a amostra de estudantes (N=230) e de 0,925 para a amostra clínica (N=54).

Estabilidade temporal: Coeficiente de correlação de 0,90 entre duas administrações, espaçadas por três semanas. A fiabilidade de versões equivalentes foi suportada por um coeficiente de correlação entre a versão tradicional e a versão em computador de 0,985, a versão em que a ordem de resposta aos itens foi invertida de 0,97 e em que a ordem de resposta aos itens foi gerada de forma aleatória de 0,96.


Validade

Estrutura factorial: identificado o modelo Somático-Afectivo e Cognitivo (SA-C), consonante com o modelo descrito por Beck et al. (1996), Steer et al. (1999) e Kacpi et al. (2008) para amostras clínicas e por Arnau et al. (2001) e Kojima et al. (2002) em amostras não clínicas de utentes de cuidados de saúde primários.

Validade de conteúdo: suportada por um painel de especialistas nos critérios de Relevância e Especificidade e por um painel de utentes deprimidos, nos critérios de Clareza e Utilidade.

Validade convergente: corroborada pelos coeficientes de correlação elevados obtidos entre o BDI-II e a escala CES-D (0,83), a subescala HADS-Depressão (0,82) e BSI-Depressão (0,75) na amostra de estudantes; e do BDI-II e a escala CES-D (0,85), a subescala BSI-Depressão (0,67) e HADS-Depressão (0,71) na amostra clínica.

Validade discriminante: suportada por coeficientes de correlação obtidos com as subescalas que medem a ansiedade inferiores ao das subescalas que medem a depressão, nomeadamente, com a subescala BSI-Ansiedade (0,59) e HADS-Ansiedade (0,75), na amostra de estudantes; e BSI-Ansiedade (0,49) e HADS-Ansiedade (0,66) na amostra clínica (Oliveira-Brochado, Simões, & Paúl, 2014).

Referências bibliográficas

  1. Oliveira-Brochado, F., Simões, M. R., & Paúl, C. (2014). Inventário de Depressão de Beck (BDI-II) [Beck Depression Inventory-BDI-II]. In L. S. Almeida, M. R. Simões, & M. M. Gonçalves (Eds.), Instrumentos e contextos de avaliação psicológica [instruments and contexts of psychological assessment] (Vol. II; pp. 187-209). Almedina Edições.
  2. Oliveira-Brochado, F. (2013). Inventário de Depressão de Beck (BDI-II): Estudos de validação e dados normativos para a população portuguesa [Beck Depression Inventory (BDI-II): Validation studies and normative data for the Portuguese population]. Tese de doutoramento em Ciências Biomédicas. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto (ICABAS-UP). [Bolsa de Doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/24636/2005/Psicologia)].
  3. Arnau, R. C., Meagher, M. W., Margaret, P. N., & Bramson, R. (2001). Psychometric evaluation of the Beck Depression Inventory-II with primary care medical patients. Health Psychology, 20(2), 112-119. https://doi.org/10.1037/0278-6133.20.2.112
  4. Kapci, E. G., Uslu, R., Turkcapar, H., & Karaoglan, A. (2008). Beck Depression Inventory II: Evaluation of the psychometric properties and cutoff points in a Turkish adult population. Depression and Anxiety, 25(10), E104-E110. https://doi.org/10.1002/da.20371
  5. Steer, R. A., Ball, R., Ranieri, W. F., & Beck, A. T. (1999). Dimensions of the Beck Depression Inventory-II in clinically depressed outpatients. Journal of Clinical Psychology, 55, 117-128. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-4679(199901)55:1<117::AID-JCLP12>3.0.CO;2-A
  6. Kojima, M., Furukawa, T. A., Takahashi, H., Kawai, M., Nagaya, T., & Tokudome, S. (2002). Cross-cultural validation of the Beck Depression Inventory-II in Japan. Psychiatry Research, 110, 291-299. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-4679(199901)55:1<117::AID-JCLP12>3.0.CO;2-A

Outras publicações relativas a investigações portuguesas com o BDI-II:

  1. Bos, S. C., Pereira, A. T., Marques, M., Maia, B. R., Soares, M. J., Valente, J., Gomes, A. A., Macedo, A., & de Azevedo, M. H. (2009). The BDI-II factor structure in pregnancy and postpartum: Two or three factors? European Psychiatry, 24, 334-340. https://doi.org/10.1016/j.eurpsy.2008.10.003
  2. Campos, R. C., & Gonçalves, B. (2011). The Portuguese version of Beck Depression Inventory-II (BDI-II): Preliminary psychometric data with two non-clinical samples. European Journal of Psychological Assessment, 27(4), 258-264. https://doi.org/10.1027/1015-5759/a000072
  3. Campos, R. C., Gonçalves, B., & Thalbourne, M. (2009). Preliminary psychometric data for a Portuguese scale to assess history of depressive symptomatology with a college student sample. Psychological Reports, 104(3), 1015-1018. https://doi.org/10.2466/PR0.104.3.1015-1018
  4. Coelho, R., Martins, A., & Barros, H. (2002). Clinical profiles relating gender and depressive symptoms among adolescents ascertained by the Beck Depression Inventory II. European Psychiatry, 17(4), 222-226. https://doi.org/10.1016/s0924-9338(02)00663-6
  5. Martins, A. (2000). As manifestações clínicas da depressão na adolescência [Clinical manifestations of depression in adolescence]. Dissertação de Mestrado. Porto: Faculdade de Medicina do Porto. [Master dissertation]
  6. Martins, A., Coelho, R., & Barros, H. (1997). Impacte do stress da época de exames e sintomatologia depressiva numa amostra de estudantes universitários [Impact of exam time stress and depressive symptoms in a sample of university students]. Revista de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do Porto, 9(3-4), 35-39.
  7. Oliveira-Brochado, F., & Oliveira-Brochado, A. (2008). Estudo da presença de sintomatologia depressiva na adolescência [Study of the presence of depressive symptoms in adolescence]. Revista Portuguesa de Saúde Pública, 26(2), 27-36.
  8. http://hdl.handle.net/10362/95344
  9. Pereira, A. T., Bos, S. C., Marques, M., Maia, B. R., Soares, M. J., Valente, J., Gomes, A. A., Macedo, A., & de Azevedo, M. H. (2011). The postpartum depression screening scale: is it valid to screen for antenatal depression? Archives of Mental Health, 14(3), 227-238. https://doi.org/10.1007/s00737-010-0178-y