Professora Margarida Abrantes distinguida com Medalha de Honra L'oreal Portugal para as Mulheres na Ciência

24 fevereiro, 2021≈ 4 mins de leitura

Margarida Abrantes

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A Professora da FMUC, Margarida Abrantes, é uma das quatro investigadoras distinguidas com a Medalha de Honra L'oreal Portugal para as Mulheres na Ciência.

As investigadoras, que foram seleccionadas entre mais de 97 candidatas, por um júri científico presidido por Alexandre Quintanilha, vão receber um prémio individual de 15 mil euros, para "apoiar a sua pesquisa e motivá-la a prosseguir estudos relevantes nas áreas da saúde e ambiente, assim como inspirar uma ciência e uma sociedade mais inclusiva e equitativa".

A cerimónia da 17ª edição, iniciativa da L’Oréal Portugal em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a Comissão Nacional da UNESCO, decorreu hoje, pela primeira vez em formato digital.

 Será que a radiação dos exames de diagnóstico pode ser nociva para as pessoas com síndrome hereditária do cancro da mama e ovários? foi a questão colocada pela Professora Margarida Abrantes para desenvolver o seu agora premiado projeto de investigação.

Resumo

A síndrome hereditária do cancro da mama e ovário resulta de uma mutação dos genes BRCA. Quem a herda tem maior historial de cancro na família e probabilidade acrescida de vir a sofrer de cancro. Uma vez identificados, estes indivíduos são alvo de vigilância regular, nomeadamente através de técnicas de diagnóstico por imagem, mas estes exames implicam exposição a radiação ionizante.
O que se pretende perceber é se as pessoas com síndrome hereditária do cancro da mama e ovário, e em específico as que têm mutação do gene BRCA2, poderão ter maior sensibilidade aos efeitos da radiação, comparativamente a indivíduos sem esta mutação.
A radiação ionizante está presente em várias técnicas de diagnóstico por imagem, como por exemplo nas radiografias, nas mamografias e nas tomografias computorizadas (TC), mas considera-se que realizar estes exames (quando prescritos no âmbito de rastreio ou diagnóstico) tem benefícios que se sobrepõe aos efeitos da exposição à radiação, cujas doses variam consoante o tipo de técnica e o órgão a observar. Mas será que é assim para quem tem esta síndrome hereditária?
“O que pretendo, com recurso a uma equipa multidisciplinar, é contribuir para adicionar conhecimento sobre o risco da utilização das técnicas de diagnóstico por imagem que utilizam radiação ionizante em portadores de variantes causais dos genes BRCA2 e assim também melhorar a literacia em saúde acerca da síndrome hereditária do cancro da mama e ovário” explica a investigadora.
Ao caracterizar os efeitos da radiação ionizante a que estes indivíduos portadores de mutação BRCA2 são expostos durante os exames que realizam “será possível contribuir para a otimização destes procedimentos” conclui Margarida Abrantes.
Refira-se que numa mulher portadora de mutação no gene BRCA2, a probabilidade de desenvolver cancro da mama é aproximadamente 69%, face a um risco que ronda os 12% na restante população, indica a Liga Portuguesa Contra o Cancro, enquanto o risco de ter cancro do ovário é estimado em 20% face a 1% a 2% na população em geral. Também os homens com esta mutação têm risco superior para os cancros da próstata (24% a 36% face a 12% na população em geral) e mama (6% face a 0,1%). Aproximadamente uma em cada 1000 a 1500 pessoas nascem com mutação hereditária no gene BRCA e homens e mulheres têm 50% de probabilidade de a passar aos seus descendentes.




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