Cientistas desenvolvem novo floculante biológico para substituição de polímeros à base de petróleo no tratamento de águas

SM
Sara Machado
05 junho, 2024≈ 3 mins de leitura

Paula Morais é docente do DCV e investigadora no CEMMPRE

© Sara Machado

Um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um novo sistema de remoção de lamas que utiliza bio floculantes de menor impacto ambiental.

O projeto DUST + visava desenvolver compósitos à base de pó de pedra proveniente das lamas residuais que resultam do processamento da pedra calcária incorporando ligantes hidráulicos ou poliméricos.

«Desenvolvemos um novo biofloculante para o tratamento de água no qual substituímos a acrilamida por um polímero biológico, garantindo uma maior eficiência de remoção de partículas e uma menor toxicidade e impacto ambiental, comparativamente aos produtos floculantes utilizados atualmente. Deste modo torna seguro o desenvolvimento de compósitos à base de pó de pedra proveniente das lamas residuais», explica Paula Morais e Ana Paula Chung, investigadoras do Departamento Ciências da Vida (DCV), grupo de Microbiologia do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE).

De acordo com as investigadoras, este bio polímero não é tóxico para a água, nem para o resíduo, um fator muito importante, uma vez que este é reutilizado para produzir outros materiais, no âmbito do projeto. «Este sistema foi testado em escala piloto e demostrámos que o polímero resultava perfeitamente neste processo, estando até já patenteado», revelam.

Deste projeto resultaram, além do floculante biológico, materiais compósitos/pastas com base na incorporação de pó resultante das lamas do processamento da pedra calcária e criação de produtos inovadores, desenvolvidos por investigadores do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra e por alguns dos parceiros.

«Neste momento, estamos a avaliar a relevância financeira de produção para substituir a acrilamida pelo bio polímero e acreditamos que pode ser muito interessante colocarmos este novo sistema no mercado, uma vez que pode abrir portas para tratar diferentes tipos de tratamento de águas», considera Paula Morais.

Para garantir o sucesso do projeto, foi definido um consórcio multidisciplinar com valências complementares nas áreas chave de inovação composto pela Universidade de Coimbra, SOLANCIS - Sociedade Exploradora de Pedreiras SA, CeNTI - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes e Itecons – Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade.

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