Meteorologia Espacial – maior tempestade em 20 anos!

FP
Fernando Pinheiro
AP
Alexandra Pais
11 maio, 2024≈ 3 mins de leitura

Imagem do Sol na banda K1v do Cálcio obtido pelo espectroheliógrafo de Meudon (Observatório de Paris). Nesta figura é sinalizada a região ativa AR3664 que esteve na origem dos fenómenos aqui relatados.

A semana passada assistiu a forte atividade solar. Ocorreram diversas erupções solares de classe X, com origem na região ativa do Sol chamada AR3664, um aglomerado de manchas solares com 16 vezes o diâmetro da Terra (figura 1). Dessa região ocorreram cinco ejeções de matéria coronal (sigla CME em inglês) entre os dias 8 e 9 de maio, que se dirigiram para a Terra.

A chegada das primeiras CMEs às vizinhanças da Terra teve lugar cerca das 18 horas de sexta-feira 10 de maio, fazendo-se sentir no aumento súbito de intensidade do campo magnético observado por exemplo no observatório magnético de Coimbra (COI) (figura 2). Este aumento inicial de intensidade é causado pela compressão da magnetosfera terrestre, do lado voltado para o Sol, como resultado da colisão das CMEs. Desta interação resultou uma forte perturbação do campo magnético terrestre (tempestade geomagnética), classificada pela agência americana NOAA com o índice G5, numa escala de 1 a 5!

Este é o género de evento que pode causar distúrbios vários nos serviços fornecidos por satélites tais como comunicações e posicionamento global, em serviços de comunicação por via de ondas rádio, para além de perturbações nas infraestruturas de transporte de energia elétrica e em sistemas de cantonamento automático de comboios que controlam a ocupação das linhas. Estes efeitos ocorrem em simultâneo com as coloridas auroras boreais (Norte) e austrais (Sul). Por norma são mais intensos a latitudes mais próximas das dos pólos, mas a noite de sexta para sábado 11 de maio foi especial, porque ofereceu-nos também a nós, em Portugal, auroras em vários pontos do país!

A tempestade a que estamos a assistir é excecional, mais intensa do que a de Halloween em outubro de 2003, que provocou apagões na Suécia e África do Sul, mas não tão intensa quanto a de março de 1989, que provocou um importante apagão de 9 horas no Canadá! Uma vez que o máximo do ciclo solar 25 ainda está para chegar, talvez outras mais intensas se avizinhem…? Estejamos atentos aos magnetómetros, e espreitemos o céu das próximas noites!

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