Para assinalar o centenário da morte de Guerra Junqueiro (15 de setembro de 1850 – 7 de julho de 1923) a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) tem patente na Sala do Catálogo (1.º piso) uma exposição bibliográfica sobre o poeta e político. Com organização de Maria Luísa S. Machado e José Mateus (BGUC), a exposição pode ser visitada durante o horário de funcionamento da Biblioteca (9h00–22h00). A realização periódica destas exposições é uma forma da BGUC dar a conhecer o seu património bibliográfico e documental.

Sobre Guerra Junqueiro

Guerra Junqueiro foi um escritor, poeta, jornalista, político e deputado português.

Nasceu em Ligares, a meio caminho entre Freixo de Espada à Cinta e Moncorvo, no dia 17 de setembro de 1850. Era filho de um rico lavrador e negociante, religioso e tradicionalista, tendo feito os estudos preparatórios em Bragança.

Em 1866 matricula-se na Universidade de Coimbra, em Teologia, vindo a transferir-se para a Faculdade de Direito em 1868, por sentir que não tinha vocação para a vida religiosa. Licenciou-se em Direito, em 1873, durante o período de maior agitação ideológica em Coimbra que deu origem à chamada Questão Coimbrã.

Durante a sua permanência em Coimbra colaborou ativamente no semanário “A Folha”, estabelecendo relações de amizade com os melhores escritores e poetas do seu tempo. Neste periódico, publicado em Coimbra a partir de 25 de novembro de 1868 e dirigido pelo poeta João Penha, colaboraram alguns dos maiores escritores da época como Gonçalves Crespo, Cândido de Figueiredo, Bernardino Machado e Antero de Quental.

Foi um dos mais destacados escritores do Realismo, movimento literário da segunda metade do século XIX, tendo, na década de oitenta, participado com Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e António Cândido na constituição do grupo Vencidos da Vida (1888).

Das suas obras destacam-se: Duas páginas dos quatorze anos editada em Coimbra pela Imprensa da Universidade em 1864, a que se seguem Vozes Sem Eco (1867), Espanha Livre (1873), A Morte de D. João (1874), A Velhice do Padre Eterno (1885), entre muitas outras que se encontram patentes nesta exposição. Postumamente foram ainda publicadas Horas de combate (1924), Caminho do Céu (1925), Vibrações Líricas (1925), Prometeu Libertado (1926), Horas de Luta (1945), Antologia para a Juventude (1950) e Orações de Ligares (2001) recolhidas por Junqueiro, com organização de Maria Aliete Galhoz.

A sua colaboração em publicações periódicas é também muito vasta, salientando-se as seguintes: O Occidente (1878-1915), Renascença (1878-1879?), Jornal do domingo (1881-1888), Ilustração (1884-1892), A Illustração Portugueza (1884-1890), Ilustração Universal (1884-1885), A Imprensa (1885-1891), Branco e Negro (1896-1898), Brasil Portugal (1899-1914), Serões (1901-1911), Luz e Vida (1905), A Republica Portugueza (1910-1911), Atlântida (1915-1920).

Na parte final da vida, retira-se para Trás-os-Montes, dando um rumo distinto à sua orientação literária mais voltada para as suas origens, como atestam algumas das suas últimas obras: Os Simples (1892), Oração ao Pão (1903) e Oração à Luz (1904).

Na sua carreira profissional destaca-se a nomeação, em 1876, para Secretário-Geral do Governo Civil de Angra do Heroísmo. Tendo combinado a carreira administrativa com uma intensa atividade política, foi eleito como deputado pelo Partido Progressista, no qual se filiou em 3 de agosto de 1878. Em 1890 em reação ao Ultimato Inglês publica “Finis Patriae”, tendo por esta altura abandonado o Partido Progressista, abraçando a causa republicana. Mais tarde, em 1911, assumiu o cargo de Ministro Plenipotenciário de Portugal na Suíça, pedindo a exoneração em 1914. Em 1915 é apresentado como candidato a Presidente da República pelo Partido Republicano Evolucionista, naquela que terá sido a sua última participação política.

Agraciado a 12 de fevereiro de 1920 com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada, Guerra Junqueiro veio a falecer em Lisboa a 7 de julho de 1923, com exéquias fúnebres nacionais no Mosteiro dos Jerónimos. Em 1966 foi trasladado para o Panteão Nacional.

Exposição bibliográfica na Sala do Catálogo da BGUC no centenário da sua morte.

Obras expostas (457 kB)