O Centro de Estudos Interdisciplinares – CEIS20

Missão

O CEIS20 é uma instituição científica que tem por missão a investigação interdisciplinar no âmbito das Humanidades, das Ciências Sociais e das Artes, entre outras áreas científicas.

Tem por objetivos apoiar o desenvolvimento da investigação, de atividades de divulgação, de transferência de saberes, de prestação de serviços e de consultoria, e de cursos de formação no âmbito das suas competências científicas, nomeadamente:

1. A investigação sobre problemáticas numa perspetiva disciplinar e interdisciplinar. Visará, assim, também, a interseção com outros tipos de saber, procurando abordagens plurais e heterogéneas decorrentes de uma leitura integrada e global da realidade;
2. A oferta de formação ao nível de doutoramento, pós-doutoramento e pós-graduação, bem como a concessão de bolsas e prémios;
3. A divulgação dos resultados obtidos no âmbito dos projetos de investigação concretizados, bem como a transferência de saberes;
4. O incremento de intercâmbio científico e académico e a formação de redes de trabalho com centros de investigação nacionais e internacionais que tenham objetivos análogos ou complementares aos do CEIS20;
5. A prestação de serviços de investigação aplicada e de consultoria a organizações nacionais e internacionais, aparelhos de Estado e entidades das sociedades civis.

A missão do CEIS20 é desenvolvida através da articulação entre Eixos Interdisciplinares que definem a estratégia científica do Centro e Grupos de Investigação que compõem a sua estrutura interna.

Estratégia

O Centro de Estudos Interdisciplinares é uma unidade de I&D inclusiva do conhecimento, comprometida com a produção contemporânea de conhecimento interdisciplinar e empenhada em promover a interconexão e a reconfiguração das disciplinas.

A nossa configuração científica atual (de estruturas e dinâmicas) é representada como uma rede de investigação interdisciplinar. Nesse sentido, contrasta com a configuração anterior do Centro, que era essencialmente concebida como uma estrutura em árvore, organizada em sete Grupos de Investigação, subdivididos em Linhas de Investigação (subdisciplinas), até à especialização individual. No entanto, a nossa noção de interdisciplinaridade adotada não evita, mas sim depende das disciplinas e especializações como essenciais para a interdisciplinaridade. A reestruturação sugerida prevê a interdisciplinaridade a desenvolver-se em duas direções: de baixo para cima e de cima para baixo. A abordagem de baixo para cima começa com investigadores individuais (e conhecimento especializado), que são integrados em Grupos de Investigação (GI) (os investigadores podem ser integrados em mais de um GI). Os GIs não são entidades disciplinares monolíticas/homogéneas; em vez disso, são organizados em torno de afinidades disciplinares, agregando relações e problemas disciplinares próximos. Crucialmente, a atividade de investigação coletiva dentro dos GIs é agora promovida através de Projetos de Investigação, em vez de ser organizada em subdisciplinas. Os projetos (financiados ou não) são liderados por um Investigador Principal (IP) afiliado a um GI específico, mas podem envolver múltiplas disciplinas e investigadores de outros GIs, bem como colaboradores com colocações de investigação fora do Centro. Os projetos, portanto, canalizam esforços interdisciplinares na abordagem de baixo para cima.

A abordagem de cima para baixo é baseada num grande domínio conceptual que reestrutura e imagina o Centro como um projeto de investigação coerente. A remoção do “século XX” da nossa designação abriu a necessidade de um domínio que pudesse enquadrar coerentemente as nossas atividades (ou correríamos o risco de dizer que estudamos tudo). Propomos que a tríade de conceitos-chave — o humano, o social e o artefacto — (e as suas transformações no tempo e no ambiente) representa um domínio amplo e sobreposto de objetos alvo estudados no CEIS20. Em resumo, o humano refere-se ao conceito de um sujeito (conhecedor) (individual) e ao da espécie (plural); social refere-se aos vários aglomerados e formas de poder constituídos pelo coletivo; e artefacto refere-se à agência das materialidades usadas, produzidas e apropriadas pelos humanos, como tecnologia, arte e linguagem. Importante notar que, embora o trabalho do Centro se baseie principalmente em áreas científicas como as humanidades, ciências sociais e artes, o estudo do domínio humano-social-artefacto pode, na verdade, ser realizado a partir de qualquer disciplina, como biologia ou matemática, tal como é o caso no Centro. Em outras palavras, estes conceitos-chave fornecem um grande enquadramento para o domínio alvo das nossas atividades, mas não limitam a origem do alcance disciplinar do nosso trabalho.

Ética e Ciência Cidadã

A comunidade do CEIS20 desenvolve investigação na interface entre as humanidades, as artes, as ciências sociais e naturais, o que implica um âmbito amplo de considerações éticas, a fim de permitir uma colaboração frutífera com vários atores sociais. No geral, a nossa investigação rege-se pela necessidade de preservar o respeito pelos direitos humanos e valores democráticos fundamentais, pela não-discriminação e dignidade dos/as participantes na investigação ao longo de todo o processo. Estando cientes do Código Europeu de Conduta para a Integridade da Investigação, procuramos observar os princípios de autonomia, responsabilidade, liberdade intelectual, integridade, transparência e responsabilização. Para garantir a aplicação destes princípios, as candidaturas de investigação atuais e futuras a nível nacional são verificadas tendo em conta o guia de autoavaliação de Ética da FCT e o Código de Ética, Conduta e Integridade da Universidade de Coimbra. Sendo vinculada ao Instituto de Investigação Interdisciplinar (III-UC), a comunidade científica do CEIS20 pode recorrer à Comissão de Ética do III-UC para averiguar a conformidade dos projetos da tese de doutoramento e das candidaturas de cariz interdisciplinar aos regulamentos relevantes.

Toda a investigação desenvolvida no centro adere aos protocolos existentes de consentimento informado e dos dados sensíveis para assegurar que os participantes se sintam protegidos e devidamente conscientes do seu papel na investigação e do potencial impacto que esta pode ter nas suas vidas. Estão a ser tomadas precauções especiais ao lidar com nacionais de países terceiros, populações vulneráveis ​​e crianças.

Nosso centro de investigação segue e promove políticas relativas às práticas de Ciência Aberta em vigor. Assim, sempre que possível, as publicações científicas do CEIS20 estão a ser disponibilizadas em Acesso Aberto através do repositório Estudo Geral da Universidade de Coimbra. Foram atribuídos fundos especiais para disponibilizar publicações interdisciplinares em Acesso Aberto Ouro e Verde. Na partilha e circulação de dados, a investigação produzida no CEIS20 terá como objetivo cumprir os princípios FAIR (Findable, Accessible, Interoperable and Reusable).

O CEIS20 trabalhará para garantir a inclusão da dimensão de género na investigação desenvolvida pela sua comunidade científica e para promover a igualdade de género através da implementação eficaz de políticas de género alinhadas com o Plano para a Igualdade, Equidade e Diversidade da Universidade de Coimbra.

A ciência cidadã funciona como uma interface vibrante e produtiva entre a ciência e políticas públicas. Podendo abrangir uma ampla gama de atividades e práticas em ciência aberta/inovação, a ciência cidadã geralmente refere à participação ativa de voluntários em projetos de investigação científica, onde o público em geral se envolve em várias fases do processo de investigação. Historicamente remonta ao século XI, quando os indivíduos começaram a registar e a relatar publicamente as suas observações astronómicas, ornitológicas e meteorológicas. De facto, antes do estabelecimento da profissão remunerada do cientista no final do século XIX, à investigação dedicavam-se indivíduos com espírito científico e acesso aos recursos necessários, pelo que toda a ciência poderia ser considerada como ciência cidadã. Hoje, o surgimento de tecnologias digitais que permitem comunicação e colaboração rápidas, independentemente do tempo e da localização, reforçou significativamente as práticas de Ciência Cidadã.

No CEIS20 adotamos a visão de que a ciência pertence aos cidadãos e, portanto, deve estar prontamente disponível ao público em geral, a menos que esteja protegida por protocolos específicos para dados sensíveis. Como centro interdisciplinar, pretendemos um maior envolvimento público e a democratização da ciência. A investigação realizada em colaboração frutuosa com e para os/as cidadãos/ãs está a ser desenvolvida no nosso centro. As pessoas e atores sociais dão o seu contributo, atuam como colaboradores e beneficiam do seu envolvimento na investigação e inovação. Nas diferentes iniciativas de investigação promovidas pela comunidade CEIS20, o público em geral – escolas, municípios, ONGs e indivíduos – desempenha um papel significativo, pois ajuda a gerar novos conhecimentos, é convidado a moldar processos de investigação, a situar os resultados da investigação e a expandir a disseminação e comunicação de resultados da investigação. No final das contas, os investigadores do CEIS20 e o público em geral trabalham em conjunto para resolver problemas sociais e, assim, têm potencial para influenciar políticas públicas relevantes.