5 junho - 31 julho, 2024

Filósofos (Rosen, 1989), sociólogos (McCarthy, 2003) e historiadores (Momigliano, 1990; Fleming, 2006) têm percebido que existe uma concentração recente no tempo presente, que assumiu uma dimensão inflacionária cujos efeitos tendem a se sobrepor ao passado e a se estender ao futuro. A vivência deste perene-presente priva-nos a um só tempo da percepção das permanências do passado e das sutilezas de suas mudanças, lançando-nos em um aoristo disforme e intrusivo que dificulta a percepção da profundidade da história e da possibilidade/necessidade de um futuro diferente.

O aspeto fundamental que explica este contexto é o rebaixamento da História como chave importante de interpretação da sociedade. Outro aspeto é o equívoco de tornar os Estudos Clássicos e Humanísticos um mero apelo a uma nostalgia perene, e não um património da memória coletiva e social indispensável na reflexão de temas contemporâneos.

O recente período pandêmico e as alterações climáticas trouxeram à lume a extrema fragilidade e incerteza de um presente sem lastro e sem horizonte histórico-cultural. O presente, sulcado por fraturas repentinas que abrem trajetórias perturbadoras, demanda a revisitação urgente do passado e a imaginação de um novo desenho possível para o futuro.

O Simpósio “Da Contemporaneidade a Antiguidade: diálogos sobre o presente, passado e futuro” pretende reunir investigadores de diversas áreas para abordar múltiplos aspetos da crise que afeta nossos tempos. Em cada uma das mesas do Simpósio, uma conferência sobre um tema Contemporâneo, Moderno ou Antigo que tangencie um ponto sensível do presente terá uma reação que destaque algum contributo dos Estudos Clássicos em seus vários campos. Assim, demandas presentes diretamente relacionadas às crises serão refletidas mediante o apelo à memória, que será reforçada ou partilhada, de forma que isso coopere com a reflexão de problemas e/ou questões locais e globais.

A necessidade de recuperar a percepção da profundidade do tempo e de um futuro que se constrói através da escolha de alternativas é hoje um dos grandes desafios a se enfrentar. O Simpósio convida que, na extensão de suas 18 (dezoito) propostas de reflexão, sejam explorados problemas filosóficos, antropológicos, históricos, filológicos e literários, postos no horizonte mais amplo da Antiguidade e das Humanidades abertas para contribuir para a construção de um futuro melhor e mais consciente.

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