"O que vivi na UC" com Gilberto Pereira
Neste episódio, partilhamos o testemunho de Gilberto Pereira, conservador da coleção de instrumentos científicos do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.
© Fotografia: UC | Ana Bartolomeu
«Embora não tendo nascido em Coimbra esta é a cidade onde já vivi mais tempo na minha vida. E metade deste percurso está ligado à Universidade de Coimbra, por isso é no rio Mondego que desejo que as minhas cinzas sejam libertas ao vento.
Não posso esquecer a minha insatisfação com um curso muito teórico e pouco prático, onde as sebentas ainda circulavam. Mas a Universidade das Repúblicas e da Associação Académica também me formaram, e foram lições de vida que me marcaram muito. Como estudante, coloquei cadeados na Porta Férrea, numa luta contra as propinas, o que atualmente é impensável.
Depois de finalizar a minha licenciatura, pensei estar livre tanto da Química como da Universidade mas, passado poucos anos, foram os meus conhecimentos em Química que me fizeram retornar à Universidade. E aqui, no Museu de Física encontrei uma pérola, que aprendi a preservar: a coleção de instrumentos do século XVIII. Mas com o tempo também aprendi que não só os séculos XVIII e XIX são importantes. O património do século XX, e mesmo do século XXI, merecem todo o cuidado de preservação. E são pequenas descobertas que por vezes alegram o meu labor, quando perante um objeto desconhecido e não catalogado, consigo identificar a sua origem ou a pessoa que o manuseou há 50 anos atrás. O meu propósito é que este património, a memória dos espaços e as suas histórias prevaleçam no tempo.
Ainda bem que não fui estudar para Lisboa, como os meus amigos do Liceu!»