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Autómato representando um centauro

Esta é uma das mais belas obras que o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra possui. Um centauro de prata apoia-se num chão onde se observam sapos, caracóis e insetos. Em relevo vêem-se dois insetos e dois sardões, estes últimos como que arrastando-se entre as suas pernas. Tem a pata dianteira erguida, o braço esquerdo estendido segurando um arco, o corpo tenso, pronto a disparar a seta. A tiracolo leva uma aljava que estaria cheia de setas, das quais restam apenas dois exemplares. O conjunto assenta sobre um suporte de ébano negro com incrustações de prata nas faces laterais representando desenhos simétricos.

Trata-se de um autómato. Um mecanismo de corda escondido no interior do suporte e um sistema de transmissão permitiam, simultaneamente, deslocar o conjunto que, movendo-se sobre três rodas podia mudar de direção, e mover ligeiramente o braço do centauro, soltando a corda do arco, o que fazia lançar a seta.

Este mecanismo encontra-se hoje incompleto. Embora este autómato possa mais facilmente ser encarado como um brinquedo, a sua presença numa coleção de instrumentos para o ensino permitiria, decerto, valiosas lições sobre a mecânica e a conceção de máquinas compostas. A trajetória parabólica da seta lançada poderia também ser objeto de observação. Uma cuidadosa observação permitiu encontrar na base de prata duas pequenas gravações que correspondem à identidade do autor (mastermark) e da cidade (townmark) e que nos levam a presumir que o autor deste autómato seja Jacob I. Miller de Augsburg, Alemanha, ca. 1595-1600.

Este autómato fazia parte da coleção que o naturalista italiano Domingos Vandelli possuía em Itália. Vandelli, professor de Química e História Natural na Universidade, mandou vir esse seu espólio pessoal, que a Universidade comprou por dez mil cruzados, em 1779.