/ Caminhos na UC

Episódio #53 com Filipe Rocha

Um caminho de 20 anos na Universidade de Coimbra em várias frentes de apoio

O caminho de Filipe Rocha na Universidade de Coimbra (UC) começou em 1995, quando ingressou na Faculdade de Economia, como estudante da licenciatura em Economia, área que, desde cedo, foi o seu foco de interesse. Quando em 2003 regressa à UC para realizar um estágio profissional, no então Gabinete Técnico da Divisão Financeira da Administração da UC, inicia um percurso profissional intenso e marcado por um grande envolvimento em diversas áreas de atuação da nossa Universidade, como, por exemplo, a Comissão de Trabalhadores da UC (CT.UC), onde desempenha a função de 1.º Secretário, ou a aliança europeia Campus Europeu de Cidades Universitárias (EC2U), na qual desempenha o cargo de coordenador local. Encarando cada novo desafio como uma oportunidade de aprendizagem e de desenvolvimento de competências, quer profissionais, quer pessoais, o agora diretor do Serviço de Apoio à Gestão (SAG), partilha com orgulho e entusiasmo o seu percurso consolidado em mais de 20 anos ao serviço desta casa, somando projetos e áreas de intervenção, dentro e fora de Portugal.

Quando e como começou o seu percurso na Universidade de Coimbra?

Há dois caminhos, o académico e o profissional. Tirei a licenciatura em Economia, na Faculdade de Economia da UC. Entrei em 1995 e terminei em 2000. Essa foi a minha primeira passagem pela Universidade de Coimbra. Depois da licenciatura, entrei no mercado de trabalho. Comecei por trabalhar no Banco de Portugal, primeiro em Lisboa e depois no Porto. Só mais tarde é que se deu a oportunidade de vir para a UC, em 2003, quando terminei o estágio no Banco de Portugal e regressei a Coimbra para procurar um novo emprego. Procurei oportunidades em Coimbra e acabei por fazer um estágio profissional do Instituto de Emprego e Formação Profissional na UC e, depois de terminado, aqui fiquei. Estou na UC há 20 anos, assinalados no dia 2 de maio de 2023, quase de forma ininterrupta. Interrompi apenas este vínculo durante um pequeno período, em 2015, quando fui exercer funções de adjunto da Ministra da Educação e da Ciência, no XX Governo Constitucional.

Por que escolheu estudar Economia?

Lembro-me de ter interesse pela área desde cedo. No ensino secundário, segui a vertente das Ciências Sociais e, como tive cadeiras de “Introdução à Economia”, o meu percurso já ia tendencialmente para essa área. Eventualmente, posso também ter escolhido este caminho por influência do meu pai. Embora o meu pai fosse médico, era gestor na área hospitalar e durante muitos anos o que eu via mais em casa era esse lado de gestor. Por isso, foi uma escolha perfeitamente natural.

Que caminhos profissionais foi percorrendo durante estes mais de 20 anos na UC?

Em 2003, quando aqui cheguei, o funcionamento da UC era bem diferente. A Faculdade de Medicina e a Faculdade de Ciências e Tecnologia funcionavam de forma autónoma e, por isso, tínhamos três administrações separadas, sistema muito diferente do que temos atualmente. Comecei por fazer estágio no Departamento de Administração e Finanças (uma área que incluía a Divisão de Recursos Humanos e a Divisão Financeira), mais concretamente na Divisão Financeira, no então designado Gabinete Técnico, que tinha alguma semelhança com aquilo que é hoje a Divisão de Orçamento e Conta. Trabalhava com a componente de estudos para gestão, de controlo de orçamento e reporte de contas.

Depois fui desenvolvendo as minhas competências profissionais e pessoais e foram-se sucedendo diversas oportunidades que me permitiram continuar e consolidar a minha carreira aqui na Universidade de Coimbra. Depois de ter feito o estágio, tive uma prestação de serviços durante algum tempo, tendo celebrado contrato de trabalho a termo em 2005 e, mais tarde, em 2008, veio a assinatura do contrato por tempo indeterminado.

Durante todos estes anos, passei por várias funções e fui acompanhando vários projetos, como o projeto de implementação da contabilidade analítica na UC. Como tinha algumas competências transversais, estive alguns anos na equipa que implementou o Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho na Administração Pública (SIADAP) na Universidade de Coimbra. Dei apoio ao Conselho de Gestão, na altura em que foi criado. A passagem por todos estes projetos foi uma experiência muito enriquecedora.

Em 2011, surgiu o convite para chefiar a Divisão de Planeamento, Gestão e Desenvolvimento, divisão que ainda hoje existe na atual estrutura da Administração. Fui chefe desta divisão durante 11 anos. Em 2023, com a reestruturação da Administração da UC, foi criado o Serviço de Apoio à Gestão, tendo surgido a oportunidade para ser diretor de serviço, função que desempenho atualmente.

De forma muito resumida, este foi o meu percurso ao longo de mais de 20 anos na Universidade de Coimbra.

E falando do serviço que atualmente dirige, em linhas gerais, qual é o papel do Serviço de Apoio à Gestão?

O Serviço de Apoio à Gestão foi criado em março de 2023 e engloba um conjunto de áreas que estavam um pouco dispersas e que fez sentido congregar numa área única e mais estratégica. O SGA exerce as suas competências no âmbito do ciclo contínuo de planeamento, acompanhamento, avaliação e retroação, assegurando a coerência do ciclo de gestão e o respeito pelos princípios de garantia da qualidade e de melhoria e promovendo o desenvolvimento sustentável. Além disso, atua no âmbito do tratamento integrado das áreas estratégicas da proteção de dados, do acesso à informação e da gestão de arquivo, complexas e intimamente ligadas, com vantagens ao nível da eficácia, da eficiência e da qualidade.

É um serviço que conta com 25 colaboradores e que é composto por cinco áreas: pela Divisão de Planeamento, Gestão e Desenvolvimento (DPGD), pela Divisão de Promoção da Qualidade (DPQ), pela Divisão de Proteção de Dados e Informação Administrativa (DPDIA), pelo Gabinete para o Desenvolvimento Sustentável (GDS.UC), e ainda por uma nova área, ainda em fase de criação, e que corresponde à concretização de um projeto antigo da UC, a Divisão de Gestão de Arquivo.

O Serviço de Apoio à Gestão está encarregue de áreas muito diversas, que vão desde o planeamento estratégico e seu acompanhamento, ao desenho, implementação e melhoria do sistema de gestão da UC, passando pela proteção e tratamento de dados pessoais e do acesso aos documentos administrativos e pela gestão do arquivo da Administração, sem esquecer os domínios da sustentabilidade e da responsabilidade social, em articulação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas.

Faz também parte da Comissão de Trabalhadores da Universidade de Coimbra, órgão democraticamente eleito que representa a comunidade de trabalhadores. Em que momentos podem as pessoas recorrer à comissão?

Gostaria de começar por partilhar que a minha integração nesta comissão foi um verdadeiro desafio. Quando surgiu, finalmente, a oportunidade de criar a Comissão de Trabalhadores da Universidade de Coimbra, fui convidado a integrar uma das listas candidatas. Aceitei, a lista ganhou e acabei por ser eleito para o secretariado da CT.UC. Era um projeto muito ambicionado e desejado pelos trabalhadores da UC.

Os trabalhadores podem recorrer à Comissão de Trabalhadores, a qualquer momento, sempre que entendam que os seus direitos não estão a ser plenamente respeitados, que considerem que as suas condições de trabalho não são as mais adequadas ou que entendam que existe alguma situação de natureza laboral que necessita de resolução.

A CT.UC tem como principal objetivo a promoção e defesa do interesse coletivo e dos direitos individuais de todos os trabalhadores, dando-lhes uma voz ativa, e, portanto, procuraremos sempre contribuir para a resolução das situações que nos sejam expostas e para a plena aplicação de princípios como a igualdade, a equidade ou a diversidade, e por isso também manifestámos total disponibilidade para receber o reporte de situações de abuso que pretendam fazer chegar ao conhecimento da CT.UC, dando-lhes apoio, com garantia de confidencialidade, nomeadamente para que possam proceder à devida denúncia.

A Comissão de Trabalhadores representará todos e cada um – docentes, técnicos e investigadores –, contribuindo para a união de todos. E para isso contamos também com todos os contributos e sugestões que nos queiram fazer chegar.

Há ainda que ter em conta que a atuação da CT.UC respeita não apenas à vida profissional e à conciliação desta com a sua vida pessoal, mas também no âmbito da gestão e da organização da UC. Sabemos que é na Universidade que muitos de nós passam uma grande parte do seu dia, pelo que queremos que todos possam beneficiar das melhores condições possíveis.

E para a CT.UC conseguir desempenhar plenamente as suas funções e alcançar os seus objetivos, é necessário que o pessoal tenha um papel ativo e participe das mais variadas formas. Não tem que ser apenas na apresentação das suas reivindicações, mas em momentos como a realização das assembleias gerais (realizámos em janeiro de 2023 a primeira Assembleia Geral de trabalhadores da Universidade de Coimbra, que contou com uma adesão que superou as nossas expetativas), as auscultações que sejam feitas à comunidade (como foi o caso recente da regulamentação de teletrabalho), ou a participação em eventos organizados pela CT.UC, como foi o caso do concerto comemorativo do 1.º aniversário da Comissão e do 1.º de maio, com a Orquestra Ligeira do Exército, oferecido à comunidade UC, e que esgotou o Teatro Académico de Gil Vicente.

Tendo em conta o grande envolvimento em vários projetos da UC, como é que consegue conciliar todas as atividades?

É uma pergunta muito boa! De facto, são muitas coisas juntas, muitas atividades e muitos projetos. Há uma colega da Administração da UC que, em tom de brincadeira, me pergunta: “Qual é o Filipe que está a falar? É o do Serviço de Apoio à Gestão, é o do Conselho de Administração, é o da EC2U, ou é Filipe da Comissão de Trabalhadores?”. Tenho, de facto, uma série de papéis ao mesmo tempo, que não são fáceis de conciliar. Exigem, obviamente, muita disciplina, muita organização e, também, como é óbvio, algum sacrifício pessoal, para conseguir conciliar tudo. E, além da vida profissional, há também a vida familiar. E além da vida familiar e profissional, sou dirigente associativo há 14 anos no Centro Norton de Matos. Portanto, há várias dimensões da minha vida para conciliar diariamente.

Nesta quantidade de funções que tenho assumido, devo sublinhar que as equipas com as quais tenho trabalhado têm tido um papel fundamental para que eu consiga ter tempo e para que possa conciliar todas as atividades. No caso concreto do Serviço de Apoio à Gestão, conto com cinco equipas de trabalho (quatro em funcionamento, dado que a Divisão de Arquivo ainda não está a funcionar). Desde que assumi funções de dirigente, tenho contado sempre com equipas muito boas e muito coesas, que me dão essa liberdade, essa margem para conseguir conciliar as várias dimensões das minhas responsabilidades e dar resposta a tudo. É muito importante a equipa que temos a trabalhar connosco, caso contrário, e na minha situação em concreto, seria impossível levar tudo para a frente. Recentemente, tive uma experiência menos feliz no domínio pessoal, que me obrigou a estar um bocadinho mais desligado do lado profissional e mais ligado ao lado pessoal. E, nesse momento, foi, sem dúvida, esta rede de suporte que permitiu que o SAG e as suas Divisões, assim como também aconteceu com a EC2U, continuassem a dar as respostas necessárias, todos os dias.

O que mais marcou o seu percurso na UC até este momento?

Há vários marcos, especialmente as mudanças na carreira e os desafios.

Começo, por isso, por destacar os momentos de mudança, mais concretamente a mudança no tipo de funções que desempenhei, como, por exemplo, quando, em 2011, fui convidado a exercer funções como chefe da Divisão de Planeamento, Gestão e Desenvolvimento. Passar de técnico superior para dirigente foi uma mudança inesperada e muito grande, pois passei a ter a responsabilidade de gerir uma equipa e todo o trabalho do serviço. Inicialmente, contava com uma equipa pequena e o processo de criar uma equipa para uma estrutura tão recente da UC (a DPGD tinha sido criada em 2010) foi marcante. Hoje, tem uma equipa com alguma dimensão, coesa e organizada. Destacaria também a mudança para a direção do Serviço de Apoio à Gestão, em que passei a trabalhar com uma realidade bem diferente: em vez de ter uma Divisão, passei a ter cinco áreas sob a minha alçada. Tinha de destacar estes dois momentos, porque marcaram o rumo da minha carreira.

A par das mudanças na atividade profissional, se há algo que marca a minha passagem pela UC ao longo destes 20 anos são os desafios. Foram muitos, que já fui referindo ao longo da entrevista, como o projeto especial de implementação da contabilidade analítica, o apoio ao então recém-criado Conselho de Gestão, a implementação do SIADAP, o primeiro processo de planeamento estratégico da UC, o desafio internacional EC2U, a criação do Gabinete para o Desenvolvimento Sustentável e a eleição para a Comissão de Trabalhadores.

A minha passagem pela Universidade de Coimbra tem sido sempre marcada por momentos em que fui desafiado a participar na de criação de algo novo. E acho que tenho conseguido deixar algumas marcas com o meu trabalho.

Que mensagem gostaria de deixar à comunidade UC?

Posso deixar duas mensagens?

Claro!

A primeira está relacionada com a participação. Aquilo que peço a todos é que participem e façam sugestões, colaborando ativa e proactivamente na vida da UC. A participação é fundamental! E esta participação pode acontecer em diversos domínios, seja, por exemplo, recorrendo ou interagindo com a Comissão de Trabalhadores, a que já me referi, ou participando no processo de planeamento estratégico. Estamos a iniciar um novo ciclo de planeamento estratégico, processo que queremos que seja participado, com auscultação de todas as partes interessadas, mas em particular dos trabalhadores, dos estudantes e de outros parceiros. As pessoas vão ser chamadas a colaborar para definir a estratégia da Universidade de Coimbra para os próximos anos, sugerindo ações que possam ser implementadas neste mandato. Há momentos importantes, como este, em que as pessoas têm a oportunidade de participar e acho que devem intervir. Por isso, deixo um convite para que participem, sempre que possível e de forma proativa.

A segunda mensagem que quero deixar está relacionada com o nosso futuro, para o qual o desenvolvimento sustentável é fundamental. É muito importante que todas as pessoas possam dar o seu contributo no seu dia a dia, não só para que a UC seja mais sustentável nos vários domínios dos 17 ODS, mas também para ajudar a cidade, o país e o mundo no seu cumprimento. Devemos alinhar a nossa atuação individual com os princípios de sustentabilidade e da responsabilidade social.

Produção e Edição de Conteúdos: Catarina Ribeiro, DCOM, Inês Coelho, DCOM e Maria Cano, DCOM

Imagem e Edição de Vídeo: Ana Bartolomeu, DCOM e Marta Costa, DCOM

Edição de Imagem: Sara Baptista, NMAR

Publicado a 26.10.2023