/ Caminhos na UC

Episódio # 42 com Filipa Craveiro

Um caminho na Universidade de Coimbra para lá da formação académica

O percurso de Filipa Craveiro na Universidade de Coimbra, técnica superior da Divisão de Graduação e Formação do Serviço de Gestão Académica, começou depois de vários anos a viver as histórias que o pai contava sobre a sua passagem por Coimbra. Foi a partir de 2002 que começou a construir as suas próprias memórias nesta que ainda hoje é a sua casa, quando ingressou na licenciatura em Administração Pública. Depois da Faculdade de Direito, passou como trabalhadora ou como estudante pela Biblioteca Geral, pela Faculdade de Economia, e pela Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação, estando desde 2015 no Serviço de Gestão Académica. Pelo meio deste caminho, fica ainda marcada a passagem pela Linha SOS Estudante, uma das secções culturais da Associação Académica de Coimbra, dedicada ao apoio emocional e prevenção do suicídio, experiência que marcou a sua forma de ver e de aprender com as outras pessoas.

Quando e como começou o seu percurso na Universidade de Coimbra?

Oficialmente, o meu percurso na Universidade de Coimbra (UC) começou com o ingresso no ensino superior em 2002, na licenciatura em Administração Pública, na Faculdade de Direito. Desde muito cedo, ouvia o meu pai falar das suas histórias em Coimbra durante o serviço militar, que ele cumpriu no Hospital Militar. De alguma forma, Coimbra já fazia parte do meu imaginário. E, a partir das histórias que o meu pai contava, passei a querer construir as minhas próprias histórias na cidade. E, por isso, Coimbra foi, sem dúvida, o lugar de eleição para vir estudar.

Em 2013, surgiu a possibilidade de realizar um estágio no âmbito do Programa de Estágios Profissionais na Administração Pública Central (PEPAC), que se traduziu na minha entrada em termos profissionais na Universidade de Coimbra, mais concretamente na Biblioteca Geral da UC (BGUC).

Em 2015, candidatei-me a uma bolsa de gestão de ciência e tecnologia, no Serviço de Gestão Académica, na Divisão de Planeamento e Saídas Profissionais (que atualmente se designa como Divisão de Planeamento e Oferta Formativa).

Quando a bolsa terminou, houve um período de interregno. No entanto, como de alguma forma já conhecia e estava bastante familiarizada com a estrutura da Universidade, fui sempre tentando concorrer a diferentes vagas, até que acabo por ficar numa bolsa de recrutamento da Faculdade de Economia da UC (FEUC). E em julho de 2019 sou chamada para a FEUC, para o Serviço de Apoio à Investigação e Gestão de Informação. Acabou por não ser por muito tempo, porque, em setembro de 2019, regresso, no âmbito de outro concurso, ao Serviço de Gestão Académica, desta vez para a Divisão de Graduação e Formação, na qual me encontro até hoje.

Começaste a tua formação na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, na licenciatura em Administração Pública. O que te levou a escolher esta área?

Eu sabia que o meu percurso no ensino superior passaria por Coimbra. A área de Administração Pública aparece aqui porque era um curso recente – a primeira edição tinha ocorrido no ano letivo 2001/2002 –, o que me levou a pensar que poderia antever boas perspetivas em termos profissionais por ser um curso recente. E este curso preparou-me, de alguma forma, para o trabalho que realizo nos dias de hoje.

Mais recentemente, avançaste para uma formação superior em Psicologia. Por que motivo surge esta vontade de te formares nesta área?

A Psicologia aparece porque, durante o meu percurso académico, sempre contactei com muitas pessoas da área. E, de alguma forma, penso que me foram transmitindo o “bichinho” da Psicologia, o que me levou a ter interesse por esta área e a querer explorar mais. Ao mesmo tempo, acaba por ser um complemento à minha formação, porque todos os dias falamos e trabalhamos com pessoas e nada melhor do que formação em Psicologia para tentar perceber um bocadinho melhor as pessoas e os seus comportamentos.

Fizeste parte da Linha SOS Estudante, secção cultural da Associação Académica de Coimbra, dedicada ao apoio emocional e prevenção do suicídio. De que forma é que esta experiência marcou o teu percurso?

A minha passagem pela Linha SOS Estudante foi dos momentos mais intensos e impactantes do meu percurso enquanto estudante da Universidade de Coimbra, não só pelas pessoas que conheci (muitas delas ainda fazem parte da minha vida nos dias de hoje), mas pelo projeto em si e pela preocupação genuína que havia com o outro.

Essa experiência foi também importante porque me permitiu adquirir uma série de competências – soft skills – que não aprendemos tanto durante a nossa formação académica, mas que temos a possibilidade de adquirir neste tipo de experiências. E, sem dúvida, que a passagem pela SOS Estudante me fez olhar para os outros de forma diferente, porque tive contacto com realidades muito diferentes daquelas a que estava habituada. E foi na SOS Estudante que aprendi o que é ter empatia.

Neste momento, trabalhas na Divisão de Graduação e Formação do Serviço de Gestão Académica da Universidade de Coimbra. Que tipo de trabalho é desenvolvido nesta divisão?

De uma forma geral, a nossa principal preocupação é o percurso curricular do estudante, desde que faz a matrícula até à conclusão do curso. Prestamos apoio em inscrições em frequência, alterações de inscrição, inscrições em exames especiais e/ou extraordinários, tratamento de situações no âmbito dos direitos especiais, assim como também o registo e tratamento de creditações. Também fazemos o tratamento de requerimentos que nos chegam através do InforGestão, sempre de acordo com os nossos regulamentos, e realizamos também atendimento por e-mail através do Request Tracker (RT). No meu caso, juntam-se ainda a estas tarefas as publicações em Diário da República, no âmbito da delegação de competências relativamente às provas de agregação.

Como tem sido a experiência de trabalhar na Divisão de Graduação e Formação?

Além de sentir que posso contribuir para que um estudante faça o seu percurso da forma mais tranquila possível e sem grandes problemas, também sinto que tenho a oportunidade de ganhar novas competências para prestar este apoio. Dentro do Serviço de Gestão de Académica, passei da Divisão de Planeamento e Oferta Formativa para a Divisão de Graduação e Formação também com o objetivo de conhecer mais a UC e de ter a oportunidade de explorar mais o Serviço de Gestão Académica, que é muito grande e que faz muitas coisas.

E o que é mais desafiante no trabalho que fazes?

É tentar dar resposta aos problemas que vão surgindo, tentando encontrar solução para todos eles. E também tentar melhorar, enquanto serviço, os nossos procedimentos e a forma de atuar, porque acredito que há sempre possibilidade de melhorar, seja no tempo de resposta a um e-mail ou na resposta que damos a determinada questão, ou até mesmo no NONIO, que tantas possibilidades nos dá, mas que pode ser sempre melhorado para satisfazer as nossas necessidades e, claro, as necessidades dos nossos estudantes.

Que momentos mais marcaram o teu percurso na Universidade de Coimbra?

Posso dizer que identifico três momentos. O primeiro enquanto estudante, que foi a passagem pela Linha SOS Estudante. Quando falo do projeto, fico sempre com um friozinho na barriga porque foi uma altura da minha vida que recordo com grande carinho.

O segundo momento é, sem dúvida, a minha primeira entrada na Universidade de Coimbra em termos profissionais, que aconteceu na Biblioteca Geral. E as pessoas da equipa da BGUC têm também um lugar no meu coração, porque, de alguma forma, sinto que a minha passagem por lá me abriu as portas à Universidade. Foi através dessa experiência profissional que comecei a perceber, um pouco melhor, como é que a Universidade de Coimbra se organizava e funcionava e isso foi muito importante para os momentos seguintes, quando concorri a procedimentos concursais para ingressar na UC.

O último momento que destaco é a minha vinda para o Serviço de Gestão Académica. É outro marco importante do meu percurso, porque aqui sinto-me em casa, num espaço onde posso crescer tanto como pessoa, como em termos profissionais.

Para terminar esta conversa, que mensagem gostaria de deixar à comunidade UC sobre a importância das experiências de voluntariado e associativismo no nosso percurso?

Acho que este tipo de experiências de voluntariado e de associativismo são essenciais. Sei que vivemos tempos um bocadinho difíceis, em que o tempo disponível para estes projetos já não é o mesmo de há alguns anos, e tenho, inclusive, colegas no curso de Psicologia que vêm para Coimbra muito focados em tirar o seu curso e entrar no mercado de trabalho. Mas considero que é muito importante a passagem por outros projetos além do curso, seja numa secção cultural, seja numa seção desportiva, porque nestes espaços vamos ter contacto com competências que não são dadas na faculdade. Vamos crescer enquanto pessoas, sempre na relação com o outro. E acho que isso é verdadeiramente importante e ajuda-nos a evoluir e, de alguma forma, a encontrar um propósito para a nossa vida.

Produção e Edição de Conteúdos: Catarina Ribeiro, DCOM e Inês Coelho, DCOM

Imagem e Edição de Vídeo: Ana Bartolomeu, DCOM

Edição de Imagem: Sara Baptista, NMAR

Publicado a 24.11.2022