/ Caminhos na UC

Episódio #37 com Regina Vieira

Um percurso de 24 anos na UC cheio de aprendizagens, de encontros felizes e de muita resiliência

Corria o ano de 1998 quando Regina Vieira, carinhosamente conhecida como Dona Gina, chegou à Universidade de Coimbra (UC). O primeiro local de trabalho foi a Casa do Pessoal da Universidade de Coimbra, onde trabalhou no bar. As suas primeiras atividades profissionais estiveram sempre ligadas à hotelaria, mas acabou por ser no apoio às atividades letivas que encontrou o seu conforto profissional. Atualmente, é coordenadora técnica na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), desempenhando funções no Laboratório de Desenvolvimento e Tecnologias do Medicamento. Cruza-se com mais de 700 estudantes por semestre e são muitos os que voltam à FFUC, em visita ou até mesmo para dar aulas. Entre avanços e recuos em termos contratuais, fez sempre o caminho com o apoio de docentes e funcionários da Faculdade. Um percurso que trouxe, em 2012, a estabilidade que sempre sonhou conquistar.

Quando e como começou o seu percurso na Universidade de Coimbra?

O meu percurso na Universidade de Coimbra começou em 1998, quando entrei para a Casa do Pessoal da Universidade de Coimbra, que tinha o bar da Faculdade de Farmácia da UC, para onde fui trabalhar. Em simultâneo, também fazia congressos no Auditório da Reitoria da UC.

Por essa altura, foi aberto um concurso a tempo parcial (23 horas semanais), também para a FFUC, ao qual concorri. Acabei por ficar e passei a colaborar com o Laboratório de Galénica e Tecnologia Farmacêutica (era assim que se chamava na altura). Mas levantou-se um problema: como é que seria possível deixar a Casa do Pessoal da UC se só tinha um trabalho a tempo parcial? Em termos de dinheiro o trabalho a tempo parcial era pouco, mas em termos de segurança o novo trabalho era melhor, pois era um trabalho na função pública. E, então, foi proposto pela Casa do Pessoal da Universidade fazer o trabalho no laboratório e, ao mesmo tempo, estar no bar. Mas também não era viável fazer isto durante muito tempo, porque trabalhava o dia todo.

Entretanto, acontece a abertura de outro concurso para auxiliar – porque havia a necessidade de contratar uma pessoa a tempo inteiro para o laboratório onde já estava a trabalhar – para fazer 40 horas semanais. Concorri e fiquei. E tudo mudou, porque comecei a trabalhar a tempo inteiro no Laboratório de Galénica e Tecnologia Farmacêutica e tive de deixar o bar da Faculdade de Farmácia na Casa do Pessoal da UC.

Em 2010, aconteceu também algo que me marcou imenso: a abertura de um concurso com várias vagas por tempo indeterminado, que nunca tinha acontecido comigo. Isso foi fantástico! Nessa fase, o Senhor Reitor e o Senhor Diretor foram muito importantes porque nos ajudaram com a abertura dessas vagas destinadas a assistentes técnicos. Concorri, tal como alguns colegas, e consegui entrar!

Nessa fase, as pessoas aqui do laboratório foram saindo porque se reformaram. Acabei por ficar sozinha e tive que começar a fazer coisas novas, que essas colegas faziam. E comecei a aprender outras valências, como a gestão deste laboratório em termos de coordenação e de compras para as aulas ou para a investigação.

Estou como assistente técnica durante cerca de nove/dez anos e, entretanto, o Senhor Reitor criou a mobilidade intercarreiras e intercategorias. Ainda bem que o fez e que teve essa vontade de ajudar os funcionários, porque, se assim não fosse, não haveria mudanças nem para mim, nem para outras pessoas, que também foram reclassificadas. No meu caso, passei de assistente técnica para coordenadora técnica, porque já exercia funções relativas a esse posto.

Veio da área da hotelaria para passar a trabalhar numa área bem diferente. Como foi esta transição?

A adaptação foi boa, porque sempre trabalhei muito e sempre me adaptei às circunstâncias. E acho que o caminho faz-se caminhando. E encontrei no laboratório – e isto é importante – funcionários (dois técnicos de diagnóstico e terapêutica e dois auxiliares) e muitos docentes que me ajudaram ao longo deste percurso e que me ensinaram. Não tenho nenhum curso superior, mas em todo o meu percurso na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra fui sempre aprendendo mais. O gostar de aprender, o incentivo que me davam para trabalhar e o facto de ter encontrado aqui pessoas fantásticas foram mais-valias no meu percurso. Tudo o que sei lhes devo a eles, tanto a docentes como a colegas.

Presta apoio às atividades letivas na Faculdade de Farmácia, mais precisamente no Laboratório de Desenvolvimento e Tecnologias do Medicamento. O que é que mais gosta no seu trabalho?

O que mais gosto é de fazer a preparação das aulas. E ainda é mais interessante quando é inserida uma aula nova, como foi o caso da Dermocosmética. A aula prática da disciplina foi introduzida há dois anos. Gosto de participar, de ajudar, de preparar soluções. E gosto muito de receber os alunos, tanto aqueles que vêm para o mestrado integrado como os que acabam por regressar como docentes. Isto é muito engraçado, porque já apanhei alunos nestes bancos do laboratório, que também vi a fazer doutoramento, e que agora são professores aqui na Faculdade. Gosto e tenho prazer naquilo que faço.

Há alguma história com estudantes ou professores que gostaria de partilhar connosco?

Tenho muitas histórias e um dia, quando me reformar, acho que até as devia escrever. Há muitas que não devo contar, mas acho muita graça a uma em particular que posso partilhar. Tivemos uma aluna brasileira a trabalhar num projeto de investigação. E essa estudante chega um dia aqui ao laboratório, para me pedir o que precisava para o trabalho, e diz-me: “Dona Gina, posso usar a capela?”. E eu fiquei espantada, porque a Capela de Santa Comba (que fica aqui ao lado) estava fechada. E ela responde-me apontando para o nicho, porque para ela a capela é o sítio onde se manuseiam ácidos e outros produtos, que em Portugal normalmente se chama nicho ou hotte. Fartámo-nos de rir com isto! E também fui aprendendo muito com estas histórias, porque vamos percebendo os nomes que são usados para os materiais de laboratório em outros países.

Que momentos mais marcaram o seu percurso na Universidade de Coimbra?

O momento mais significativo foi a abertura de um concurso por tempo indeterminado ao fim de tantos anos. No dia em que fui assinar o contrato à Faculdade de Medicina da UC até me apeteceu dar uns gritos, porque foi um dia de festa. Foram muitos anos à espera e é muito difícil estar na corda bamba, a pensar no que vai acontecer assim que o contrato a termo terminar.

A mudança para o Polo III também me marcou, porque estávamos muito habituados à Faculdade de Farmácia no Polo I, aos nossos claustros, a tudo o que estava à volta, ao contacto com as pessoas. E tudo mudou. A mudança tinha de acontecer e temos aqui muito boas condições que lá já não tínhamos, porque, em termos de laboratórios, o espaço estava a rebentar pelas costuras.

Para terminar esta conversa, dado que estamos no início de mais um ano letivo, que mensagem gostaria de deixar aos/às estudantes?

Venham para a Faculdade de Farmácia, porque a FFUC tem muito para lhes dar, desde que estudem e trabalhem. Tem um ensino de excelência, tem uns professores excelentes e uns funcionários também excelentes. Vale a pena conhecer, vale a pena virem e vale a pena tirar o curso na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra!

Produção e Edição de Conteúdos: Catarina Ribeiro, DCOM e Inês Coelho, DCOM

Imagem e Edição de Vídeo: Marta Costa, DCOM

Edição de Imagem: Sara Baptista, NMAR

Publicado a 22.09.2022