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Episódio #25 com Sofia Gomes

Um caminho no ensino superior que procura cruzar a meta com sucesso no ciclismo e na farmácia biomédica

Começou em 2021/2022 o seu percurso na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, mas o caminho da Sofia Gomes já conta com muitos quilómetros noutra área: o ciclismo. A ligação a esta modalidade desportiva começou em tom de brincadeira, mas é hoje uma parte imprescindível da sua vida. Neste momento, o ciclismo divide a posição de destaque na vida da Sofia com a licenciatura em Farmácia Biomédica. Com treinos diários, de segunda-feira a domingo, tem sido desafiante encontrar o balanço para alcançar os objetivos que desenhou para as duas áreas. Mas a Sofia tem conseguido encontrar esse equilíbrio de diversas formas: na sua dedicação, nos fortes laços que tem criado com as adversárias, na aprendizagem para lidar com o stress e também no apoio de colegas, de professoras/es e do Programa de Apoio ao Alto Rendimento da Universidade de Coimbra.

Quando e como começou o teu percurso na Universidade de Coimbra?

Estou a estudar Farmácia Biomédica. Este é o meu primeiro ano letivo aqui na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, ainda sou caloira.

Por que motivo escolheste a licenciatura em Farmácia Biomédica?

No ensino secundário acabei por fazer uma escolha mais restrita dos exames que fiz. E, por isso, a variedade de cursos que poderia escolher não era muito elevada. Tinha, principalmente, opções de escolha na área da Farmácia. E tinha também interesse pela área, uma vez que está ligada à Saúde e gosto de estar integrada nesta área. A minha primeira opção no acesso ao ensino superior foi o curso de Ciências Farmacêuticas, mas acabei por entrar na segunda opção, em Farmácia Biomédica. Neste momento, sinto que não quero mudar e que estou no curso certo.

És ciclista há vários anos. Como é que surge o interesse pela modalidade?

Já faço ciclismo há cerca de sete anos. Este está a ser o meu primeiro ano a nível profissional, em que estou numa equipa estrangeira. Comecei por brincadeira. Na altura em que tudo começou vivia em Lisboa e ao longo dos anos fui aumentando de nível. Passei por uma equipa aqui de Coimbra, onde atingi o meu melhor nível em termos de capacidade e de evolução. A partir daí, fui chamada para estar nos campeonatos mundiais, campeonatos europeus e provas internacionais e foi assim que fui ganhando visibilidade para estar onde estou hoje.

Como tem sido a experiência de conciliar desporto e estudos?

Neste momento ainda está a ser um bocadinho um choque, porque é o primeiro ano na Faculdade e também o primeiro ano num nível de competição tão elevado. Mas estou a sentir um apoio incrível da Universidade e da Faculdade, dos professores e principalmente dos meus colegas, que compreendem que muitas vezes não tenho tanto tempo para estudar e, por isso, dão-me resumos e apontamentos. E isso facilita imenso o meu percurso. Não é fácil, porque tenho que conciliar aulas e treinos num horário diário. E ainda tenho que ter a capacidade de conseguir estudar alguma coisa. Não é fácil. No entanto, acho que não é impossível, porque preciso de ter as duas coisas na minha vida. Preciso do ciclismo e preciso de ter estudos porque é sempre uma base fundamental da nossa vida. E o meu objetivo vai ser não largar nenhum dos dois enquanto puder.

Estás integrada no Programa de Apoio ao Alto Rendimento da Universidade Coimbra (PAAR-UC), que apoia estudantes-atletas. Que oportunidades te tem trazido este programa?

Fui recentemente integrada no Programa. No entanto, já me tem facilitado em termos da realização de exames, porque tive que faltar a metade dos exames e das avaliações no semestre passado e estou a conseguir fazê-las agora para não ter de deixar tudo para a época especial. E isso já é um apoio muito grande que me estão a dar.

O que é que mais te agrada na competição?

Acho que o ciclismo é um desporto muito livre. Ou seja, enquanto estou a treinar, consigo ver paisagens, descobrir novos sítios nas cidades e novos países. E só isso já é uma grande motivação, saber que posso ser chamada para ir correr num país que ainda não conheço. Isso é incrível! Contacto também com novas culturas e faço novos amigos. E também me agrada conseguir ver o meu progresso, melhorar e saber que se tiver tudo programado vou conseguir alcançar os meus objetivos. Sou uma pessoa competitiva, mas não de forma exagerada, porque acho que isso não me faz bem.

Como é a tua relação com as pessoas com quem vais competir?

Acho que me dou bem com todas as minhas adversárias. Posso mesmo dizer que algumas delas são das minhas melhores amigas. Numa competição, temos sempre uma certa afinidade umas com as outras, mas sabemos que só uma poderá ganhar. Mas fora da competição somos super amigas. Estamos sempre a tentar ajudar-nos mutuamente. Posso mesmo dizer que fiz as minhas melhores amizades dentro do ciclismo.

Aquilo que tens aprendido na competição ajudou-te a lidar com a experiência de estudar no ensino superior?

Sim, definitivamente. Principalmente no que toca aos níveis de ansiedade, com os quais já lidava antes do ensino superior. O facto de ter de lidar com competição e com níveis mais elevados de stress fez com que conseguisse lidar com outros momentos de maior complexidade. Neste momento, sinto que sou uma pessoa que consegue lidar melhor com os problemas, sou menos stressada e isso ajuda-me quando preciso de conciliar o desporto com os estudos. Consigo parar para pensar que sou capaz de lidar com as situações e colocar os problemas sempre em perspetiva.

Quais foram os momentos que mais marcaram o teu percurso na UC?

Penso que as pessoas que estão neste curso são mesmo incríveis. Às vezes sinto que não tenho vontade de ir às aulas porque estou exausta. Mas só de pensar que vou ver certas pessoas que me vão fazer bem já sou capaz de passar as aulas melhor. Acho que todos os momentos que passo com os meus colegas é o que me está a marcar mais nesta época universitária.

Para terminar esta conversa, que mensagem gostarias de deixar à comunidade UC, particularmente a quem concilia os estudos com o desporto?

Às vezes o maior problema é conseguirmos separar a nossa vida académica da parte desportiva. Porque às vezes temos que recusar ir sair e assim. E muitas vezes não temos capacidade mental para estudar depois de chegarmos cansados dos treinos. Mas acho que se uma pessoa quer evoluir, mesmo como pessoa, precisa também desta parte fundamental que é a universidade, que é o conhecimento. Não acho que seja impossível conciliar as duas dimensões e penso sempre que vou conseguir fazer o curso, mesmo que não seja no tempo padrão. Se não conseguir fazer o curso em três anos, vou fazê-lo em quatro. Mas vou fazê-lo! E se eu vou conseguir, toda a gente vai.

Produção e Edição de Conteúdos: Catarina Ribeiro, DCOM e Inês Coelho, DCOM

Imagem e Edição de Vídeo: Marta Costa, DCOM

Edição de Imagem: Sara Baptista, NMAR

Publicado a 24.03.2022